A Mercedes-Benz começa a vender no Brasil até julho a linha 2012 do E 500 Guard, único dos seus quatro veículos blindados de fábrica – os outros são o S 600, S 600 Pullman (limusine) e G 500, todos com níveis de blindagens mais elevados. O carro custará R$ 423.500, cerca de R$ 50.000 a mais que o Classe E 500 “desprotegido”, que não está gama da marca atualmente (mas que pode ser encomendado, de acordo com a montadora).
A "mágica" que faz o E 500 Guard custar pouco mais que o sedã sem blindagem é simples: construído na Alemanha, ele segue para o México para receber a blindagem, de onde, pronto, vai para o Brasil. Ou seja, isento do aumento no Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) e do imposto de importação, devido ao acordo comercial entre o México e o Brasil.
O sedã deverá ser o único blindado de fábrica com pronta entrega. A BMW oferece o Série 5 e o X5x blindados de fábrica sob encomenda – com prazo de entrega de aproximadamente três meses. E a Audi apenas sugere a blindagem em oficinas credenciadas.
Segundo a marca, as vantagens em blindar um carro já em sua construção estão, principalmente, na reprogramação dos controles eletrônicos (controle de estabilidade, comportamento do freio ABS, funcionamento do airbag, entre outros) e no fato de evitar-se adaptações posteriores, com o carro já pronto. É como nascer bonito ou ter que recorrer à cirurgia plástica: chega-se ao mesmo lugar, mas o resultado não é o mesmo. A Mercedes afirma ainda que as suspensões foram reajustadas e os freios, potencializados.
Entre os quatros produtos da gama Guard, o E 500 é o que carrega a blindagem de “entrada”. Chamado de VR4, esse nível de proteção equivale ao IIIA, o mais comum por aqui, e suporta disparos de armas de cano curto, como Magnum .44 e Magnum .357, armas que, no entendimento da montadora, são as mais comuns no tipo de violência praticado no Brasil – abordagens em semáforos e entradas/saídas de garagens, predominantemente. Os níveis presentes nos outros carros da linha Guard (VR7 e VR9) são destinados a países em que ataques terroristas a chefes de estado são comuns.
Impressões
Durante a apresentação do E 500 Guard, a Mercedes-Benz realizou, além do típico test-drive (que neste caso foi de aproximadamente 100 km por estradas e avenidas de São Paulo), exercícios para demonstrar as (poucas) diferenças entre o sedã blindado e o sem blindagem.
Visualmente, é difícil dizer qual é o blindado. É preciso se aproximar do carro, e aí a proteção balística é denunciada pela espessura do vidro. No mais, trata-se exatamente do mesmo veículo.
O primeiro exercício foi o famoso “slalom”, em que o desafio era contornar cones o mais rápido possível. O E 500 Guard cumpriu a prova com a mesma habilidade do E 500 “convencional”, sem escapar de sua trajetória. O que não significa que os 300 kg adicionais da blindagem sejam ignorados. Eles ficam evidentes principalmente em movimentos laterais. E é bom deixar claro que o peso extra se faz presente, não a blindagem. Ou seja, nada de barulhos internos ou trepidação dos vidros.
O segundo colocava à prova a eficiência dos pneus “run flat”: com um deles murcho, o veículo seguia inabalável sua trajetória, mostrando alguma alteração apenas no barulho típico de pneu que roda furado. Segundo a marca, é possível dirigir por 80 km nessa condição, mantendo-se a 80 km/h.
Durante a segunda fase, transitando por rodovias e avenidas, motorista e passageiros esquecem que estão num automóvel blindado. O silêncio a bordo e a visibilidade são os mesmos do modelo sem proteção. O motor 5.5 V8, de 388 cavalos, levava o sedã testado a velocidades superiores com atitude, mostrando pouco esforço para carregar os 300 kg a mais. Porém, o modelo 2012 não terá este motor, e sim um 4.6 V8, de 408 cv, acoplado a um câmbio 7G-Tronic Plus, de trocas mais rápidas. Segundo a marca, a aceleração é feita em 5,3 segundos, enquanto a velocidade máxima é limitada a 240 km/h.
300 vendidos no Brasil
Desde 1998 a montadora vende o E Guard no Brasil, e até aqui somam-se 300 exemplares – sendo que 100 deles foram comercializados só no ano passado. Segundo Dirlei Dias, gerente de vendas e marketing de produto da Mercedes-Benz, a concentração é resultado do aumento da violência somado ao maior poder aquisitivo de executivos, principais consumidores do modelo.
Mas, segundo Dias, o mercado de blindagem de fábrica dificilmente será superior ao das blindagens paralelas, já que, neste caso, a faixa de preço dos carros a serem blindados é muito mais abrangente. “Os carros mais blindados no Brasil são Toyota Corolla e Honda Civic, que custam cerca de R$ 70 mil. Mesmo com a blindagem, não passam de R$ 150 mil, valor bem inferior a um modelo protegido de fábrica”, explica. Os estados onde mais se compra carro blindado são Rio de Janeiro e São Paulo – justamente onde se concentram as 33 concessionárias (são 46 ao todo) capazes de realizar manutenção e assistência técnica no E 500 Guard.