Quando escrevi o primeiro texto e aqui postei, me deu uma sensação de que se abriria uma janela, para junto com o povo de Anadia fazermos algumas reflexões.
E, lendo Paulo Coelho em “O diário de um Mago” encontrei:
“Quando renunciamos aos sonhos e encontramos a paz, temos um pequeno período de tranquilidade. Mas os sonhos mortos começam a apodrecer dentro de nós e infestam todo o ambiente em que vivemos.
Começamos a nos tornar cruéis com aqueles que nos cercam e finalmente passamos a dirigir esta crueldade contra nós mesmos. Surgem as doenças e psicoses.
O que queríamos evitar no combate – a decepção e a derrota – passa a ser o único legado da nossa covardia.
E, um belo dia, os sonhos mortos e apodrecidos tornam o ar difícil de respirar e passamos a desejar a morte, a morte que nos livrasse de nossas certezas, de nossas ocupações, e daquela terrível paz das tardes de domingo”.
Hoje, diante de uma realidade perversa, cruel e fria para com uma Anadia de um passado glorioso e que nos envaidecia, há que se perguntar: Será que tem que ser assim mesmo? Os tempos são outros? Temos que nos conformar? Já não temos mais o seu fulano o seu beltrano a dona cicrana? Os nossos sonhos foram todos vendidos, perdidos?
Nada disso! Sei da grandeza de nossa gente, da bravura do nosso povo e da sabedoria que acumula com tanta história e memoráveis lutas, conquistas.
É com um nó preso na garganta, acompanhado de uma lágrima que teima em cair pela face e de posse do mais recente fato político da nossa nação – a criação da Comissão da Verdade – que apura crimes cometidos pela ditadura militar, que faço uma reflexão.
E com a frase da presidenta Dilma Rousseff: “É como se disséssemos que, se existem filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem corpos. Nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de escrevê-la”.
Com a firmeza e luta que tiveram os nossos antepassados, a maestria e gloria das conquistas, e com o espelho do sucesso dos filhos recentes desta terra, que espalhados pelo Brasil afora – não por vontade própria, e sim por uma dolorosa separação da terra que amamos, por absoluta falta de oportunidade aqui no nosso torrão – que há de se acreditar em sonhos, lutar e empunhar bandeiras que tragam em si cores vivas da nossa gente.
Um canto livre, que ecoe como o gemido de uma sanfona, ritmada por um zabumba, no repicado de um triângulo e na batida de um pandeiro. O coro de vozes tem que ter a identidade com a sofreguidão, com a melodia dos pastoris, dos guerreiros, das serenatas, como os cantos que com fé ouvimos na procissão de Nossa Senhora da Piedade.
Devemos pensar em uma agenda positiva – Pensar Anadia -, somos passivos de até cometer novos erros, menos repetir erros passados. Isto pode nos levar a trilhar por caminhos que nos conduziram a retomada e ao lugar que é nosso. Se assim acreditarmos; começaremos a fazer Anadia a voltar a ser feliz.
(*) Ex-secretário de Estado e filho de Anadia