Há 15 dias sem realização de exames de necropsia no Instituto Médico Legal Estácio de Lima, mais de 80 corpos estão sendo enterrados sem laudo sobre a causa da morte. O retorno da atividade apenas deverá ser retomado em Maceió em 45 dias, prazo previsto pela direção do IML para adequação do novo espaço onde os médicos legistas deverão trabalhar.
O novo espaço de necropsias será o necrotério do Hospital Santório, no bairro do Farol. Mesmo discordando do IML provisório por questões de saúde pública, o Sindicato dos Médicos (Sinmed) afirmou que não haverá resistência por parte dos médicos legistas. “Não achamos que este seja o melhor local para a realização de necropsia por ser uma unidade hospitalar e pelo risco de contaminação, uma vez que lidamos com corpos em decomposição, mas os médicos legistas não estão mais em greve, e querem apenas um lugar com condições para trabalhar”, destacou Wellington Galvão, presidente do Sinmed.
Para Galvão, o prazo de 45 dias para adequação necessária no necrotério do hospital é desnecessário, uma vez que a adequação passa, basicamente, pela transferência de maquinários. “O estado passou 15 dias para disponibilizar uma sala consultório para a realização de corpo de delito, medida que podia ter sido sanada na primeira semana de paralisação. O prazo de 45 dias dado pelo diretor é muito extenso e isso vai prejudicar ainda mais a população”, disse.
O sindicalista lembrou ainda os problemas de ordem judicial com a paralisação das necropsias. “Os corpos estão sendo enterrados sem laudo e as famílias não têm acesso à certidão de óbito e consequentemente não conseguem resolver questões judiciais, pensão… Outro problema é o fato de não haver determinação judicial para que estes corpos sejam enterrados, o que pode prejudicar no momento em que precisar fazer as exumações. O que existe é uma determinação do secretário de Defesa Social apenas”, enfatizou.
“O Governo precisa ter boa vontade para resolver logo essa questão, que é de responsabilidade do Estado. Outra alternativa que pode ajudar é transferir os corpos vítimas de violência para o IML de Arapiraca, que está funcionando normalmente”, completou Wellington Galvão.