A caderneta de poupança bateu novo recorde no primeiro semestre deste ano, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (5) pelo Banco Central: no período, os depósitos superaram as retiradas em R$ 14,85 bilhões, o maior valor para um primeiro semestre.
Até o momento, o recorde de captação líquida era o registrado nos primeiros seis meses de 2010, de R$ 12,24 bilhões. A série históricado BC para a poupança tem início em 1995.
O ingresso líquido de recursos na caderneta de poupança no primeiro semestre superou, inclusive, o resultado de todo o ano passado – quando a mais tradicional modalidade de investimentos dos país captou R$ 14,18 bilhões.
Maior parte do ingresso veio após mudança de regras
De acordo com a autoridade monetária, a maior parte do dinheiro entrou na caderneta, no primeiro semestre, somente após as alterações nas regras de remuneração da poupança, anunciadas pelo governo federal em 3 de maio, com validade a partir do dia seguinte (4 de maio). Do total de R$ 14,85 bilhões de ingresso do primeiro semestre, R$ 9,6 bilhões foram registrados após a mudança.
Pelas novas regras definidas pelo governo federal, a poupança passou a ser atrelada aos juros básicos da economia, rendendo 70% da aplicação, mais a Taxa Referencial. Esse novo formato de rendimento da poupança foi aplicado, porém, somente quando a taxa básica de juros, definida pelo Banco Central, atingiu 8,5% ao ano – acionando o chamado "gatilho" para a mudança.
Pela regra anterior, que vigorava desde 1991, a poupança não podia render menos de 6,17% ao ano, mais TR. A nova regra vale somente para depósitos feitos de 4 de maio em diante. A modalidade continua isenta do Imposto de Renda e sem a cobrança de taxa de administração.
Mês de junho
Somente em junho, ainda segundo números do Banco Central, a captação líquida da caderneta de poupança (depósitos menos retiradas) somou R$ 5,11 bilhões, o segundo melhor resultado para este mês de toda a série histórica. O valor ficou abaixo, somente, de junho de 2002 – quando os depósitos de recursos na poupança superaram as retiradas em R$ 5,29 bilhões.
Em junho deste ano, os depósitos somaram R$ 98,84 bilhões, ao mesmo tempo em que as retiradas totalizaram R$ 93,72 bilhões. No fim de junho, o montante total de recursos aplicados na caderneta de poupança somou R$ 449 bilhões, com alta frente ao patamar de maio (R$ 441 bilhões) e, também, do fim do ano passado (R$ 420 bilhões).
Poupança ainda é atraente
Levantamento da Associação Nacional de Executivo de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac) informa que, mesmo com a alteração das normas, que baixou o rendimento da poupança quando a taxa Selic recuou para 8,5% ao ano ou menos, a modalidade continua se destacando frente aos fundos de renda fixa por não ser taxada com Imposto de Renda e não ter taxa de administração.
Estudo realizado pelo Instituto de Pesquisas Fractal mostra que a "falta de conhecimento financeiro" do brasileiro gera "insegurança ao fazer aplicações". Dessa forma, acrescenta o estudo, a tradicional caderneta de poupança lidera a escolha no momento de investir. Aplicações em fundos de renda fixa e ações na bolsa de valores, de acordo com o documento, não são "tão atraentes" para quase metade dos investidores.