Nas Olimpíadas, o que não falta é canil para cachorro grande. E a seleção masculina de basquete tinha pela frente nesta quinta-feira um cão feroz que rosna em russo. Para um grupo que ainda rói o osso na tentativa de se infiltrar na elite da bola laranja, o início foi promissor, com defesa forte e ataque azeitado. Mas o dono da coleira no outro lado da quadra estava encapetado. Andrei Kirilenko fez 14 pontos no segundo quarto e colocou a Rússia na dianteira. A equipe de Rubén Magnano foi buscar, reagiu, e uma bandeja milagrosa de Marcelinho Huertas colocou o time à frente a seis segundos do fim. Mas os europeus ainda tinham o último latido. Uma incrível cesta de três de Vitaliy Fridzon quase no estouro do cronômetro derrubou os brasileiros de forma dramática: 75 a 74. Após duas vitórias sobre seleções médias, a primeira queda brasileira nos jogos veio da forma mais doída.A equipe de Rubén Magnano tem agora dois triunfos e um tropeço. O próximo desafio é no sábado, às 12h15m (de Brasília), contra a China. É o penúltimo jogo da fase de classificação, que termina no duelo com a Espanha, na segunda-feira, às 16h. Já classificado para as quartas de final, o Brasil está perto de avançar na terceira colocação, mas ainda luta por uma vaga mais acima.
Com um chute de três de Alex, o Brasil pulou na frente no primeiro quarto. O ala se encarregava de marcar o principal jogador russo, Andrei Kirilenko, que atravessou zerado o primeiro período. A vantagem chegou a ser de 14 a 9, e os europeus colaram. Mas não viraram. Com seis pontos de Splitter, a equipe verde-amarela (em dia de uniforme branco) fechou a primeira parcial em 20 a 15.
Kirilenko começou a segunda parcial sem Alex no cangote. Com Varejão na marcação, acertou duas cestas de três. Na terceira, o brasileiro deu o bote, e o russo cortou para fazer a bandeja. A diferença, que era de cinco para um lado, passou a ser de cinco para o outro. Varejão deu lugar a Giovannoni, mas Kirilenko continuou pegando fogo e chegou aos 14 pontos. Foi o bastante para a Rússia tomar o controle do jogo. Na saída para o intervalo, a vantagem era de 40 a 32.
Com as mãos calibradas, os russos mantiveram a diferença no início do terceiro quarto, enquanto o Brasil penava para colocar a bola na cesta. Sem se entregar, a seleção se escorou nos pontos de Leandrinho e ao menos não deixou o rival disparar. Foi para o último período perdendo por 59 a 53.
Magnano optou por deixar Larry Taylor em quadra no início do quarto final, e foi o americano que cortou a diferença para dois pontos com um lindo arremesso seguido de falta. Leandrinho deixou tudo igual logo após deixar um rival quase caído. Com dois lances livres de Nenê a 3m40s do fim, veio a virada. A torcida sentia o clima e empurrava o time cada vez mais. Leandrinho ouviu. Com um drible desconcertante e uma bandeja a 2m25s do fim, a vantagem pulou para cinco.
Com Larry comandando as ações, o técnico manteve Huertas no banco. O americano continuou partindo para dentro. Errou dois lances livres que não podia errar com um minuto no relógio e foi para o banco em seguida. Huertas entrou para segurar a onda nos últimos segundos, e andou com a bola na primeira posse. Drama na Arena. Vencendo por três pontos, Magnano gritava desesperado à beira da quadra. Mas Alexey Shved acertou um tiro espetacular de três para empatar tudo com 26 segundos no relógio.
Marcelinho Huertas bateu bola, gastou tempo, partiu para dentro e, com a mão direita, fez a bandeja a 6s2 do fim. A vitória parecia certa. Mas a Rússia ainda tinha o último latido. Sasha Kaun recebeu a bola na lateral e, mesmo marcado e desequilibrado, soltou o tiro de misericórdia. Bolal certeira que cai como balde de água fria na cabeça dos brasileiros. Derrota doída para quem, por pouco, não latiu mais alto.