Sesau incentiva geração de emprego e renda para usuários dos Caps

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Tornar autossustentáveis os portadores de transtornos mentais, por meio da geração de emprego e renda. Com este objetivo, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) está incentivando a detecção das potencialidades de cada usuário, estimulando o desenvolvimento de atividades econômicas que proporcionem o próprio sustento.

Para isso, a Sesau está sensibilizando os técnicos dos Centros de Apoio Psicossocial (Caps) de Alagoas, no intuito de que eles possam mapear os talentos dos usuários, levando-os a produzir e comercializar as criações. Realidade que já acontece em Marechal Deodoro, onde os portadores de transtornos mentais produzem artesanato à base de filé e objetos recicláveis e já trabalham para formar uma cooperativa para vendê-los.

Uma iniciativa que ajuda, inclusive, no tratamento dos usuários, que têm a oportunidade de se tornarem úteis, integrando-os à sociedade, a exemplo do que já acontece na Itália, que destaca o potencial de cada portador de transtorno mental. Isso porque, ao se tornarem produtivos, os usuários dos Caps passam a interagir com os mais variados segmentos, seja no momento de adquirir a matéria prima ou no momento de comercializá-la.

“Temos que acabar com o estigma de que os portadores de transtornos mentais devem ficar escondidos, não têm capacidade para produzir nada de útil à sociedade e devem ficar reclusos em manicômios. Graças à luta antimanicomial, estamos revertendo esta visão equivocada, que prejudicava, ainda mais, o tratamento daqueles que eram abandonados nos hospitais psiquiátricos e manicômios”, frisou o psicólogo Berto Gonçalo, que é gerente do Núcleo de Saúde Mental da Sesau.

Realidade verificada no comportamento da dona de casa Maria José dos Santos, 47 anos, que é usuária do Caps de Marechal Deodoro e produz peças em filé. Além de produzir descansos de prato, toalhas de mesa, coletes, mantas, blusas, saídas de praias e jogos americanos, ela se destaca pela facilidade em seduzir os consumidores para comprar os produtos expostos.

“Aprendi a fazer o material de filé quando ainda era criança, mas depois deixei de fazer por conta das crises e por ter ficado internada num hospital psiquiátrico. Quando comecei a frequentar o Caps de Marechal Deodoro, fui incentivada a produzir peças de filé e, desde então, nunca mais tive crises para voltar a me internar”, relata entusiasmada, ao destacar que não vê a hora de ser criada uma cooperativa para comercializar os produtos em grande escala.

Projeto que já está sendo formatado pela direção do Caps de Marechal Deodoro, que pretende firmar convênio com uma cooperativa produtora de redes, visando customizá-las com bicos de filé. “Descobrimos que havia usuários com o talento de produzir peças em filé e, por isso, incentivamos a produção. Atualmente temos seis portadores de transtornos mentais confeccionando as peças, sendo quatro mulheres e dois homens, que já vendem os produtos na própria unidade e aceitam encomendas, garantindo um complemento em suas rendas”, informou a diretora Sandra Soutinho.

Curso de economia solidária – Para estimular os diretores dos Caps de Alagoas a implantarem projetos de geração de emprego e renda, a Sesau realizou o I Fórum de Saúde Mental e Economia Solidária. Como Marechal Deodoro foi pioneiro na implementação do programa, o município foi escolhido para sediar o evento, que ocorreu nesta quarta-feira (22), no Centro Municipal de Cultura e de Exposições.

Com base na economia solidária, que tem como foco a produção e comercialização de produtos artesanais, o programa trabalha com foco no respeito ao meio ambiente e resgate da cidadania, por meio de cooperativismo. Isso porque, segundo o coordenador do Núcleo de Saúde Mental da Sesau, esta linha de ação vem se apresentando, nos últimos anos, como uma inovadora alternativa de geração de renda, promovendo a inclusão social.

“A reforma do sistema psiquiátrico prima pela inclusão social, logo, nada mais inclusivo do que trabalhar as potencialidades de cada usuário do Caps. Por isso estamos estimulando este trabalho nas unidades, para que sejam geradas oportunidades que levem ao desenvolvimento de capacidades e da melhoria das condições de vida dos participantes, no compromisso com um meio ambiente saudável, nas relações que se estabelecem com a comunidade local, na participação ativa nos processos de desenvolvimento sustentável de base territorial e na preocupação do bem estar”, frisou Berto Gonçalves.

Fonte: Sesau

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