Fernandinho diz que elenco do Paraná Clube está em greve por salários

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Jogador do Paraná

O elenco do Paraná Clube chegou no limite da paciência. Sem receber há dois meses, após várias promessas não cumpridas, os jogadores se recusam a treinar. A greve começou na última terça-feira, quando os treinos foram cancelados. A situação deve continuar até que sejam pagos os meses de setembro e outubro.

A situação é a terceira medida para pressionar a diretoria. No início de outubro, o elenco soltou uma nota com vários pedidos, começando a tratar dos salários atrasados. Na semana passada, o elenco se recusou a se concentrar para a partida contra o Ipatinga.

Na noite de terça-feira, o meia Fernandinho conversou com a reportagem do Globo Esporte e fez um desabafo em nome dos colegas. O atleta está na segunda passagem pelo clube paranaense, após presenciar uma situação totalmente diferente em 2003.

Fernandinho lamenta a decadência financeira que o time se encontra, além da falta de estrutura para treinar, como vestiários ruins, academia e campos em má qualidade para os coletivos. A solidariedade se estende para os funcionários do Paraná, que também estão com os salários atrasados e não podem reclamar.

– O Paraná Clube está em uma situação bem complicada financeiramente. Eu fico chateado, pois já tive uma passagem por aqui em 2003 em uma situação completamente diferente. Nós reivindicamos coisas que não é só para nós. Hoje o clube tem funcionários que não tem o poder de chegar e cobrar, pois são mandados embora. Tem funcionário que está há 13 meses sem receber, que ainda não recebeu o 13º salário do ano passado. Isso que eu acho um absurdo.
Sem esperança de receber salários futuros

O jogador admite que a greve durante a semana é para tentar receber os dois meses atrasados. Em face à situação, ele se diz descrente em relação aos pagamentos futuros do mês de novembro, fundo de garantia e 13º salário.

– Nós tivemos que tomar uma posição mais drástica de não concentrar, que foi no último jogo contra o Ipatinga. Agora nós tomamos a decisão de não treinar. Nós comparecemos só.

Fernandinho ainda contou que a diretoria do Paraná Clube prometeu um cheque nesta quarta-feira, mas que poderia somente ser descontado na sexta-feira. A situação, na avaliação do jogador, atrapalharia a concentração para o jogo contra o ASA, nesta sexta-feira.

– O que eles passaram é que dariam um cheque para ser compensado na sexta-feira, no dia do jogo. Se você está concentrado não é um dia de se falar em dinheiro. Nós fazemos isso, pois gostamos de jogar. Mas qualquer funcionário que não recebe um ou dois meses muda de empresa para tentar trabalhar. Mas nós continuamos trabalhando aqui, pois gostamos de fazer isso.

O Paraná enfrenta na noite de sexta-feira o ASA, na Vila Capanema, mas a greve, garante o jogador, se limita só aos treinamentos.

– Não jogar está descartado, pois somos profissionais. Mas muitas coisas já foram prometidas para nós. A confiança do grupo acaba. O cheque não adianta, pode dar e não ter dinheiro na conta para compensar. Só vamos voltar a treinar quando o clube depositar o mês de setembro e outubro. Queremos que a diretoria resolva nesta semana, para pensar no clássico da próxima semana – diz, se referindo ao último jogo da Série B, contra o Atlético-PR.

Alternativas de financiamento não convencem o jogador

Na última terça-feira, o vice-presidente Celso Bittencourt apresentou um projeto para financiar as pendências, como vender porcentagens de quatro jogadores: o goleiro Luis Carlos, o zagueiro Alex Alves e os armadores Luisinho e Marquinhos. Mas a justificativa não convence Fernandinho ou os colegas. Eles não querem saber das soluções, mas do dinheiro na conta.

– O Paraná pode estar tentando, mas isso não cabe a nós. Se eles vão vender dez jogadores ou alguma coisa, o que nós temos que fazer é se preocupar em jogar e deixar a parte burocrática para a diretoria. Queremos saber se venceu o mês, que vamos receber o nosso salário. Tem atleta que está na lista de endividados, pois não paga aluguel, que não tem dinheiro para se alimentar. Um ou outro que tem uma condição melhor tenta ajudar para colocar gasolina no carro.

Fernadinho convoca torcida para visitar a Vila Olímpica

O medo do jogador é que o torcedor mais fanático do Paraná Clube confunda o protesto dos jogadores com um descaso ao clube. Para evitar isso, ele explica que a intenção é ajudar o Tricolor, mostrar a situação para atletas que podem chegar no ano que vem, além de situar o torcedor que o problema é da diretoria
– Futebol é complicado. Fazer certos tipos de comentários sobre o que acontece no clube, às vezes para um ou outro torcedor é tratado como mercenário ou atletas que não estão nem aí para o clube. Na verdade, tudo o que nós fazemos é para que o clube possa melhorar, para outros atletas que possam vir e os torcedores saber qual a real situação do clube.

Para não ser tratado como traidor, Fernandinho pede para que os torcedores façam uma visita ao patrimônio do clube, principalmente na Vila Olímpica – local de treinamento do clube. Segundo ele, só assim todos vão entender o que o time passa durante a temporada, tendo que trabalhar sem dinheiro e estrutura adequada.

– Eu peço para você, torcedor, caso ache que não estamos nem aí para o Paraná, que vá lá na Vila Olímpica do Boqueirão e veja a situação que se encontra o patrimônio do seu clube. Situação de vestiário, de campo – completa.

Procurado pela reportagem do GLOBOESPORTE.COM, o vice-presidente do clube, Celso Bittencourt, preferiu não comentar as declarações.

Fonte: Globo.com

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