Exposição cria relação entre poesia e arte em madeira

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A exposição “Ciscos”, de Pedro Lucena, será aberta no dia 22 de novembro, às 20h, na Pinacoteca Universitária. Em suas 18 pinturas, o artista alagoano se baseia na poesia de Manoel de Barros para imprimir no papel suas impressões sobre os muitos personagens criados pelos artesãos do povoado da Ilha do Ferro, localizada em Pão de Açúcar, interior de Alagoas.

A proposta da exposição é a releitura das duas manifestações artísticas, e seu uso pode ser ampliado a outras formas de expressão, fazendo uma ligação à cultura produzida fora da academia, por pessoas que tem apreciação pelas artes, olhar artístico e a necessidade de produção de arte em suas vidas. O projeto busca aspectos da contemporaneidade em nossa herança cultural, por meio da releitura das obras de artistas populares, geralmente autodidatas.

Quando Pedro Lucena conheceu a arte da Ilha do Ferro ele ainda não tinha conhecido a “humanização da natureza”, proposta por Manoel de Barros, mas hoje ele enxerga que os artesãos e o poeta propõem o mesmo por meio de diferentes linguagens. Lucena, portanto, quer mostrar, através da junção desses dois universos, o valor dessas obras tão importantes na cultura brasileira.

No livro “Arranjos para Assobios”, Manoel de Barros define cisco como “qualquer indivíduo adequado à lata”. Dessa forma, refere-se ao homem moderno, que não se reconhece como parte da natureza por estar preso ao espaço urbano. Além disso, cisco pode ser o micro, a poeira ou a farpa que entra no olho ou na pele e causa dor. Para Pedro Lucena, cisco ainda pode ser cada pedaço de árvore transformado pelos artesãos da Ilha do Ferro, que moldam na madeira seus universos pessoais suas impressões de mundo, suas incertezas e mais fortes verdades. Assim, ele ganha nova significação, como algo reaproveitado, a matéria morta que retorna à vida em nova forma, que só tem sentido se enxergada pelo olho humano, que vê mais que um simples tronco.

A exposição ainda nos conta sobre resgate, redescobertas e reencontros. Sobre estar só e saber lidar com seus fantasmas. Ciscos sugere que as pessoas perdidas no caos urbano podem se reconectar à ancestralidade e se reconhecer.

Durante a temporada de Ciscos na Pinacoteca Universitária, o artista realizará uma oficina gratuita, com o objetivo despertar o olhar artístico das pessoas envolvidas, fazendo-as refletir sobre suas condições ante a um mundo cada vez mais informatizado e menos conectado com suas heranças ancestrais. A oficina se destina aos iniciados em artes visuais e a participação é limitada.

Sobre o artista

Pedro Lucena é alagoano, natural de Maceió, onde vive e trabalha. Desde muito pequeno desenha e sempre desenvolveu, paralelo a sua formação acadêmica em Direito, pequenos projetos pessoais e comerciais com ilustração, que sempre envolviam seus desenhos e o trabalho de grupos de teatro de sua cidade.

Após uma viagem à Amazônia, em 2006, percebeu que deveria fazer algo para mudar sua vida em relação as suas ilustrações, e decidiu cair em campo para divulgar seu trabalho,escolhendo a internet como modo de divulgação.

Desde então, coleciona várias vitórias neste campo. Publicou em revistas nacionais e estrangeiras, como Saúde é Vital, Metrópole, Zupi, Encontro Unilever, Prana Yoga Journal, A5 Magazine, Pagesonline, entre outras. Tem livros infantis publicados pelo selo passarada (www.selopassarada.com.br) e pela Editora Cortez.

Lucena fez sua primeira exposição individual intitulada Ars Liberat, pelo Sesc de Maceió, em 2008. Também participou de duas exposições coletivas em Maceió: a exposição Sete Pecados, em 2009, pelo Sesc, Refrações, em 2010, pela Pinacoteca da Ufal.

Atualmente, trabalha em seu projeto pessoal, Ciscos, que une a poesia mato-grossense de Manoel de Barros à arte dos artesãos da Ilha do Ferro (AL). Ciscos já foi apresentada na cidade do Porto, em Portugal, em novembro de 2011, e agora chega à Pinacoteca Universitária. O ilustrador compartilha seu trabalho na internet em redes sociais e em seu portfólio no endereço http://cargocollective.com/pedrolucena

Fonte: Assessoria

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