Feira da Reforma Agrária também comercializa arte e cultura

Feira prossegue até esta sexta-feira, 14.

Railton Teixeira/Alagoas24horasCélia Leopoldino apresentando os artesanatos feitos pelas artesãs do Graciliano Ramos

Célia Leopoldino apresentando os artesanatos feitos pelas artesãs do Graciliano Ramos

“Na nossa feira não é só os alimentos que são comercializados, mas também arte e cultura”, é o que garante Josival Oliveira, dirigente nacional do Movimento de Libertação dos Sem Terra (MLST), que realiza a Feira da Reforma Agrária na Praça da Faculdade, no bairro do Prado, em Maceió, até a próxima sexta-feira (14).

Além de 120 agricultores oriundos de vários assentamentos e acampamentos de Alagoas, artesãos também expõem suas artes que vão de telas de pinturas a máscaras de carnaval do grande Recife (PE), passando por utensílios domésticos e artesanatos produzidos pela Associação das Mulheres do Graciliano Ramos (AMACRGRAC), de Maceió.

Oriundo de Recife e pela primeira vez em Maceió, o artista Eduardo Queiroz vê na Feira da Reforma Agrária um espaço oportuno para debater a cultura nordestina e os conflitos de identidade do povo. No espaço, ele expõe suas telas e máscaras, feitas em parceria com o artista pernambucano Zito Gomes

De acordo com Queiroz, o nordeste vem sofrendo um processo de esquecimento da cultura regional e a pintura tem o papel de reformular o pensamento popular. “Não é a toa que a maioria da população do nordeste sofre com esse processo de globalização que aliena as pessoas e as fazem esquecer de suas culturas”, ressaltou.

Segundo ele, as telas, pintadas em lona, retratam a cultura de vários estados brasileiros com os traços populares. “Nada melhor que tentar formular e divulgar a cultura dos mais variados estados em uma feira organizada pelos sem terras no coração de Maceió, que agrega as mais diversas classes sociais”, explicou Queiroz.

Artesãs

Juntamente às telas e máscaras pernambucanas, as mulheres do bairro do Graciliano Ramos também expõem seus produtos feitos por mais de 20 artesãs. Segundo Célia Leopoldina, presidente da AMACRGRAC, a feira esta sendo uma oportunidade para escoar as artes feitas pelas artesãs que não encontram espaço em eventos de grande porte promovidos no Estado.

“Os grandes eventos que deveriam proporcionar um espaço para os artesãos são os primeiros a encarecer os valores dos estandes porque sabem que um artesão popular não tem condições de pagar mais de quatro mil reais por um espaço”, destacou Leopoldina.

Para Josival Oliveira, a feira não é apenas um espaço para reunir os agricultores e fazê-los vender os produtos que são cultivados em áreas de Reforma Agrária. “Trata-se de um espaço para provocar esse choque, tem agricultor, assim como artistas, que também são vítimas do poderio econômico que não proporciona locais para fortalecer a cultura”, relatou.

Ainda segundo ele, a ideia do movimento é unir o campo e a cidade e promover o debate sobre a cultura, violência, educação, saúde e geração do emprego e renda. “Porque quando abrimos um espaço para um artista comercializar e apresentar a população suas artes e o agricultor disponibilizar seus alimentos, estamos contribuindo para o crescimento da economia”, justificou.

Noite cultural

Ainda segundo o dirigente nacional do MLST, Josival Oliveira, as noites são animadas com cantores populares e da terra. “Tivemos Samba da Ladeira e Kleber canto no primeiro dia, já no segundo tivemos o Coral Natalino do Sinteal, Diogo Rosa e Igbonan Rocha. Enquanto isso, preparamos uma noite especial para as mulheres com Tanne Dally e Janaina Martins e para encerrar a feira Michelle Encanta e Guilla Gomes”, concluiu.

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