Sem flores, sem frutos!

Vivemos um tempo intencionalmente fluído, onde tudo pode acontecer de múltiplas formas, desde que nada arranhe o teto de vidro do poder! Uma condução descarada do pensamento coletivo, em sua deficitária interpretação societária, desponta em todas as hastes da representação social, como flores violadas!

Técnicos da política planejam a semeadura, cultivando com vastos investimentos monetários as fachadas de róseas expressões! Escolhem o ritmo apropriado para embalar o desengano, festivamente! Todos nós sabemos, todos nós agimos como se nada soubéssemos, pois os nossos interesses imediatos não têm paciência para esperar a estação própria e colher laboriosamente. Queremos o fruto nas mãos!

Renegamos o processo necessário ao trâmite da natureza. Sequer selecionamos as sementes! Jogamos aleatoriamente um punhado de propostas, e as mais úteis aos nossos propósitos ganham o sulco, o adubo e fatura. Negociamos sem pensar nas flores, nos matizes que multiplicarão. Não pensamos mais nos trigais que retribuem pão nem nas parreiras que responderão com o vinho.

Apenas alguns se fartarão, mas todos podem participar da ilusão de ganho imediato! O convencimento será feito sobre esse viés, acertando em cheio o egoísmo que nos move como alavanca de uma ambição preguiçosa, que não quer despertar com o sol, nem se expor ao vento, nem trabalhar nos campos do Senhor!

As flores saudáveis estão desaparecendo por falta de empenho, de resistência, de verdadeira luta! Como serão os frutos? Amargos, irmãos! Indigestos! Alguns assumirão a partilha da morte, prevista, quantificada, e sustentada pela omissão. A colheita do futuro está ameaçada.

Ainda é tempo de arregaçar as mangas e trabalhar pelo bem comum! Não é indispensável ser corrupto ou corrompido, indispensável mesmo é continuarmos vivos, partilhando manhãs e fins de tarde, sem longas noites de culpa, insônia e solidão. Resistamos ao sono histórico abrindo os olhos, ainda que lentamente. Participemos voluntariamente desse momento de renovação dos campos, defendendo a boa semente, cultivando as flores da promessa, para colhermos os frutos que a todos fartem.

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