Nova droga no mercado:

Novo entorpecente tem sido consumido em diferentes locais do Distrio Federal, a droga mistura merla, crack e maconha em um só cigarro. Entre os locais de consumo estão o Setor Comercial Sul, a Rodoviária do Plano Piloto, Sobradinho e Paranoá. Autoridades públicas ainda não reconhecem sua entrada na capital federal

A merla é uma junção de ácido sulfúrico, querosene, cal virgem e outros produtos. Também derivado da cocaína, o crack é composto de bicabornato de sódio ou amônia e água destilada. Tanto um quanto o outro produzem efeitos rápidos, como síndromes de abstinências graves, ou seja, uma sensação de desespero extremo provocado pela falta no organismo. Imagine o dano que as duas drogas podem causar ao ser humano se usadas juntas. Mesmo diante do risco, usuários do DF têm consumido o entorpecente desta forma: mesclado.

Luísa*, 16 anos, experimentou o mesclado aos 15: "Uma mulher se aproximou de mim e perguntou se eu estava a fim de fumar um. Naquela noite, fumei uns 40 deles".

Além de merla e crack, o mesclado também leva maconha. A droga é bastante consumida em cidades grandes do país, como Rio de Janeiro e São Paulo. Lá, as três substâncias são vendidas em forma de cigarro. Em Brasília, as autoridades públicas ainda não reconhecem a entrada desse alucinógeno no mercado negro do narcotráfico. Mas o Correio entrevistou dependentes dessa mistura que pode provocar até câncer em quem a usa. Com base no depoimento deles, mapeamos algumas áreas onde o mesclado chegou.

Em Ceilância, seria a QNP 36, perto do Condomínio Pôr do Sol. O consumo do mesmo alucinógeno é feito por jovens do Cruzeiro no Parque da Cidade. Distante dali, mas ainda no Plano Piloto, o mesclado tem feito a cabeça de usuários do Setor Comercial Sul e das imediações da Plataforma da Rodoviária. Em Sobradinho, o uso da droga ocorre na Fercal. No Paranoá, os dependentes estão espalhados por várias quadras do Itapoã.

Mesmo diante do quadro de invasão do mesclado no DF, as autoridades ainda ignoram sua chegada. “Qual é a novidade?”, ironizou o diretor da Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) da Polícia Civil, delegado João Emílio, ao ser questionado pelo Correio sobre esse novo tipo de entorpecente que entrou no DF. Em Santa Maria, a polícia admite que a mistura de alucinógenos é comum entre jovens. “Não sabia que o nome disso é mesclado”, disse o comandante da 14ª Companhia de Polícia Militar Independente (14ªCPMind), tenente-coronel Marcus Fialho. “A gente identifica que a substância consumida é droga, a descreve, mas somente o Instituto de Criminalística (IC) é que vai determinar qual o tipo de alucinógeno”, explicou ele.

Alguns traficantes do Distrito Federal já estão vendendo cigarros mesclados com maconha, crack e merla. O preço varia de R$ 10 a R$ 15. Mas a maioria prefere vender os insumos separadamente, pois o lucro é maior. Uma pedra de crack custa, em média, R$ 5. Já a lata de merla varia de R$ 50 a R$ 70. O cigarro de maconha pode ser adquirido por até R$ 5.

A adolescente Luísa* trocou os estudos pelo submundo das drogas. Com 15 anos, ela já era viciada em maconha. Com essa mesma idade, experimentou o mesclado. “Uma mulher se aproximou de mim e perguntou se eu estava a fim de fumar um. Achei o gosto diferente, mas gostei. Naquela noite, fumei uns 40 deles”, lembra a moradora de Valparaíso (GO). Luisa tem 16 anos e está internada numa clínica a 25km do Plano Piloto.

Com ela, outros jovens também tentam vencer o vício das drogas. Bárbara*, 17, era travesti no Setor de Diversões Sul. Ela admite ter usado cocaína. Mas afirmou que nunca experimentou o mesclado. “Muitas de minhas amigas, que trabalham no Conic, são viciadas nesse tipo de mistura. O tráfico lá corre solto”, disse o jovem, que morava no Paranoá.

correiobrasiliense

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