Crack: menino de 10 anos vive drama em busca de tratamento

Com dificuldade de manter o filho em casa, os pais se viram obrigados a acorrentar o menino para tentar manter sua integridade física.

G1/ArquivoMenino de 10 anos foi acorrentado para não morrer na rua

Menino de 10 anos foi acorrentado para não morrer na rua

Integrantes de um projeto que trabalha com crianças e jovens da periferia de Maceió procuraram o Alagoas24Horas nesta quarta-feira (29) para denunciar a situação de crianças menores de 14 anos, dependentes químicas que não encontraram apoio de entidades para se livrar do vício das drogas.

O coordenador do projeto “Resgatando Vidas”, Rony Rodrigues, conta que recentemente foi procurado por uma mãe do conjunto Otacílio Holanda, no bairro Cidade Universitária, que pediu ajuda para salvar seu filho, um garoto de 10 anos que foi jurado de morte por traficantes da região.

Com dificuldade de manter o filho em casa, os pais se viram obrigados a acorrentar o menino para tentar manter sua integridade física. “O garoto deve quase R$ 200 reais aos traficantes e a mãe – que possui mais quatro filhos pequenos e a renda de lavadeira – não pode pagar. Ameaçaram o garoto diversas vezes e até prometeram quebrar suas pernas, caso não resolvesse”, conta Rodrigues.

Sensibilizado, o grupo levou o caso ao conselho tutelar, mas os integrantes foram informados que as instituições apenas acolhem garotos acima de 14 anos. “Disseram que não poderiam fazer nada. Eles não podem receber os meninos, mas os cemitérios podem”, indagou.

Rodrigues teme que o menor tenha o mesmo destino do seu amigo, um garoto de 11 anos que desapareceu há mais de um ano e que até o momento ninguém soube informações sobre o seu paradeiro. “Ele deve estar morto e ninguém está preocupado com isso. Nossas crianças estão morrendo”.

Hoje pela manhã o grupo entrou em contato com o Ciods (Centro Integrado de Operações da Defesa Social) para pedir que a PM fizesse o transporte do jovem até o Conselho Tutelar, já que o único veículo da entidade não estava disponível. No entanto a polícia informou que não seria possível realizar a remoção.

Somente em contato com um promotor de justiça do Ministério Público Estadual, o grupo foi aconselhado a levar o garoto e, em pouco tempo, o menor foi encaminhado à Secretaria da Paz, onde serão aguardadas providências.

Até o momento a mãe do menor e os membros do projeto aguardam que as medidas cabíveis sejam tomadas. “Já que o governador vai assumir o cargo por mais quatro anos, que ele possa ver essa situação com mais carinho, caso contrário vamos perder muitas crianças”, desabafa o coordenador.

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