No cemitério Santo Amaro, um dos mais antigos de Campo Grande, dezenas de pessoas frequentaram o local nesta quarta-feira (2), Dia de Finados, mesmo sem ter parentes, amigos ou conhecidos enterrados no local. Um dos túmulos mais procurados, de acordo com a administração do lugar, foi o da menina Fátima Aparecida Vieira, que morreu queimada em 1979, e que segundo os frequentadores tem poderes milagrosos.
O mausoléu tem três jarros repletos com água. Parte dela, segundo acredita a população, jorra do subsolo e tem poder de realizar graças e curar doenças. Como a quantidade é pouca, água de torneira é acrescentada para que todos que passam pelo túmulo possam pegar ou tomar um pouco.
História
De acordo com Paulo Eduardo Vieira, irmão de Fátima, a menina tinha 7 anos quando faleceu. Segundo ele, a jovem chegou da escola dizendo que deveria, por orientação da professora, acender uma vela a Nossa Senhora Aparecida para sair bem em uma prova.
A família estava reunida na varanda. Fátima pediu a bênção da mãe e entrou em casa para tirar o uniforme. Contudo, ela se trancou no quarto e fez o que a mestra havia pedido.
“De repente minha mãe escutou os gritos de socorro. ‘Mãe, está pegando fogo’. Todos entraram correndo para ver o que tinha acontecido. Ela estava trancada no quartinho e não conseguia abrir a porta”, conta o irmão.
A menina passou a chave por baixo da porta a família conseguiu abri-la. De acordo com Eduardo, Fátima saiu correndo, com parte do corpo queimado, se ajoelhou e pediu perdão a Deus e à mãe pelo que havia feito.
“Minha mãe entrou no quarto para ver se tinha vestígio de fogo, mas só encontrou a vela. Minha tia a abraçou com um lençol e a levou para a Santa Casa”, conta Eduardo. Fátima ficou internada três dias e aparentava estar bem, apesar dos ferimentos. “Ela estava consciente e falando, normal. Foi até uma surpresa porque parecia tudo perfeito”, diz o irmão.
Milagres
A dona de casa Nailde do Amaral cresceu ouvindo da mãe a história da menina Fátima. Ela afirma que a filha foi curada de uma bronquite após tomar a água do túmulo da menina. “Eu precisei de um milagre dela e eu vim, com a minha fé, pois minha filha estava desenganada dos médicos. Levei para casa e, com a água dela, minha filha levantou. Todos os anos, todos os meses e quase toda semana eu estou aqui”, diz.
Jovina Moreira dos Santos aproveitou a visita ao cemitério para pegar um pouco da água. Ela afirma que a filha também teve bronquite e foi curada com o líquido. “Eu vim, rezei, peguei da água, levei, dei para ela e graças a Deus nunca mais ficou doente”, afirma.
Explicação
A administração do cemitério afirma que a água dentro do jarro, no túmulo de Fátima, é encanada e própria para beber, mas ainda assim o local reúne dezenas de pessoas que acreditam nos poderes milagrosos do líquido.