Sem salário, servidora da Educação e filhos vivem com doações

Danielle Silva/Alagoas24HorasOs poucos alimentos foram doados por membros da comunidade

Os poucos alimentos foram doados por membros da comunidade

A funcionária pública Ana Agra ficou apavorada ao verificar que sua conta salário-estava com saldo zero neste mês devido ao corte nos salários dos trabalhadores em Educação que aderiram à greve. Para ela, sua maior angústia foi voltar para casa e ter que contar aos três filhos que não teriam nada para comer.

A situação de Ana Agra é semelhante a de centenas de servidores do Estado que desde o dia 11 de outubro buscam saídas para sobreviver e driblar as dívidas. Ana, que trabalha como agente administrativo na Escola Irene Garrido, conta que não recebeu nada porque, além do desconto no salário, ainda paga um empréstimo.

“Não esperava que isso fosse acontecer. Tenho colegas que só receberam R$ 10 pela mesma razão. O problema é que sem o meu salário, que já é pouco, não pude pagar as contas de água e energia, muito menos fazer a feira. Estou vivendo de doação. Quando penso que não vai ter nada para comer em casa, alguém aparece com um pão, verduras, algum alimento”, desabafa entre lágrimas.

Como se não bastasse todos os problemas, a funcionária conta que alguns de seus poucos pertences foram roubados. “Não me resta muita coisa em casa. Nem geladeira eu tenho mais. Graças a Deus tenho a ajuda dos amigos, de pessoas da igreja”, afirma Ana.

Justiça

O Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal) ingressou na Justiça com um agravo de instrumento para tentar garantir o retorno quanto à folha suplementar da rede estadual de educação. Os sindicalistas aguardam que o Tribunal de Justiça de Alagoas conceda aos trabalhadores o direito à devolução dos vencimentos.

A categoria voltará a se reunir em assembleia geral nesta quarta-feira, 28, e em seguida participará do ato em homenagem ao Dia do Servidor Público.

Tratamento interrompido

Durante a entrevista ao Alagoas24Horas, a funcionária pública Ana Agra contou que dentre todas as preocupações, a maior é com a saúde do filho mais novo. Por causa das dificuldades financeiras, ela teria interrompido o tratamento do seu filho de quatro anos, Samuel Nicholas Agra, que nasceu com meningocele (malformação do sistema nervoso, caracterizada pela presença de uma abertura na coluna para o exterior, devido ao canal vertebral).

Samuel teria sido submetido a duas cirurgias de correção do problema, mas ainda hoje não consegue andar e não tem sensibilidade da cintura para baixo. “Ele fazia tratamento na Adefal, mas como não tenho dinheiro para pegar condução o tratamento foi interrompido. O Samuel é um milagre porque ele tem hidrocefalia (água na cabeça), mas fala, ouve e é muito inteligente, não ficou com tantas sequelas da cirurgia para colocação da válvula na cabeça”, ressalta.

Além da doação de alimentos, a funcionária da Educação necessita com mais urgência de uma geladeira, mesmo que usada, para guardar a comida. Quem puder ajudar a família de Ana pode entrar em contato pelo telefone 8800-1303.

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