A defesa do publicitário Marcos Valério entrou nesta sexta-feira com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo que o ministro Joaquim Barbosa seja afastado da relatoria da ação penal sobre o caso do mensalão. Segundo o advogado Marcelo Leonardo, o ministro se manifestou antecipadamente e prejulgou Valério durante o julgamento do caso que ficou conhecido como mensalão mineiro.
Marcos Valério é réu no processo do mensalão – suposto esquema de compra de votos de parlamentares durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva – por corrupção ativa, peculato, lavagem de dinheiro, evasão de divisas e formação de quadrilha. O publicitário é acusado de ser o operador do mensalão e do mensalão mineiro, suposto esquema de arrecadação ilegal durante a campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) para o governo de Minas Gerais, em 1998.
"Quando ele (Joaquim Barbosa) votou no dia 5 de novembro no inquérito relativo ao senador Eduardo Azeredo, por três vezes ele fez um pronunciamento de forma categórica, afirmando que Marcos Valério pratica lavagem de dinheiro, que tem expertise em lavagem de dinheiro. (…) Como ele antecipou o pronunciamento do caso, ele passou a ser um juiz impedido", disse Marcelo Leonardo. O advogado afirmou que até o julgamento de Azeredo não havia vícios na relatoria do caso, mas decidiu fazer a manifestação por cautela.
A ação de impedimento deve ser julgada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Gilmar Mendes. A defesa juntou DVDs do voto do ministro Joaquim Barbosa.
O suposto esquema do mensalão foi descoberto em meados de 2005 e provocou crise no governo Lula. Ao todo, a ação penal sobre o caso, que tramita no STF, conta com 39 réus, entre eles: o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-secretário de Comunicação Luiz Gushiken, o presidente do PTB, Roberto Jefferson, o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e o publicitário Duda Mendonça.