Nadadora diz ter sofrido abuso sexual

JC OnlineJoanna Maranhão

Joanna Maranhão

Maior nome da história da natação pernambucana, única finalista olímpica do Estado na modalidade, Joanna Maranhão revelou nessa quinta-feira (7) que parte dos problemas que ela vem tendo no esporte e em sua vida pessoal foi fruto de um trauma por molestações sexuais sofridas na infância. Pior: de seu próprio técnico na época, cujo nome ela não quis revelar.

De Font Romeu, cidade nos Pirineus franceses, onde está se preparando para tentar o índice para os Jogos de Pequim, Joanna conversou com o Jornal do Commercio. E deu detalhes sobre os abusos. “Era dentro do próprio clube e na casa dele, pois ele me levava para os treinos”, afirmou, lembrando que tinha, na época, nove anos de idade.

“É uma ferida para o resto da vida. Uma ferida aberta que sempre vai sangrar. Tem dias que vai doer mais, tem dias que vai doer menos”, destacou, mostrando serenidade. “Comecei a pesquisar. Vi que nenhuma criança se recupera completamente depois de um abuso. Mas tem muita gente que passa por coisas piores. Crianças com abusos de pais, de padrasto”, acrescentou.

Joanna Maranhão, hoje com 20 anos, diz que não quer saber onde seu ex-técnico está, nem com o que trabalha. Afirma ainda que não pensou em denunciá-lo na Justiça, por conta do tempo e da inexistência de provas. Mas admitiu que deixou o Clube Náutico Capibaribe, onde treinava, por causa desses abusos. “Eu só contei para minha mãe no ano passado. Só consegui dizer depois de ter feito terapia, isso dez anos depois. Na época, só falei para ela que queria sair do Náutico. Ela perguntava por que, mas eu não dizia.”

Hoje, no entanto, Joanna já mostra que está recuperada e que consegue conviver melhor com as lembranças. Mas acredita que isso influiu bastante na queda de seu rendimento – ela não vem conseguindo repetir as marcas obtidas quatro anos atrás. “Freqüentei psiquiatra e psicólogo, porque eu precisava colocar aquilo tudo pra fora. Durante esse processo, tudo na minha vida sofreu as conseqüências e com a natação não poderia ter sido diferente. Mas hoje que eu estou bem, consigo falar sobre isso. Parece que saiu um peso”, ressaltou.

Ela diz ainda que não pretende esquecer este passado totalmente. E que vai lutar para que isso não aconteça com outros pequenos atletas. “Eu até pretendo, no futuro, fazer algo em relação a outras crianças que sofrem isso e têm medo, têm vergonha de contar para os pais como aconteceu comigo. O medo de cair na piscina vinha daí, pois acontecia dentro d’água inclusive”, justificou.

Da França, Joanna ainda deu uma longa entrevista para a agência Gazeta Press. Contou mais detalhes sobre o caso e falou sobre a briga com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos e metas para chegar a Pequim.

Em relação à revelação de molestação sexual, contou à agência sobre os períodos em que tinha vontade de ficar isolada. “Tinha dias em que me encolhia na cama, e só fazia chorar. Não conseguia que ninguém encostasse o dedo em mim. Eu estava tão vulnerável que praticamente implorei que minha mãe me ajudasse. Eu contei tudo. Foi saindo de uma vez, sabe? Ela ficou parada, chocada, tadinha, me pediu desculpas! Como se ela tivesse tido alguma culpa.”

Fonte: JC Online

Veja Mais

Deixe um comentário