Diante da perspectiva de uma disputa prolongada pela indicação democrata à Casa Branca, o senador Barack Obama anunciou na quarta-feira que fará uma campanha mais agressiva, enquanto sua adversária, Hillary Clinton, sugeriu que os dois poderiam formar uma chapa para enfrentar o republicano John McCain em novembro.
McCain recebeu o apoio do presidente George W. Bush numa cerimônia na Casa Branca, concluindo assim uma pré-campanha que há quase seis meses era tida como inviável.
Enquanto McCain já começa a se preparar para novembro, os democratas ainda precisarão se submeter a uma maratona de disputas estaduais até junho — até mesmo com a possibilidade de chegarem indefinidos à convenção nacional, em agosto.
Clinton evitou novamente um nocaute por parte de Obama na terça-feira, quando venceu as primárias do Texas e de Ohio, interrompendo uma série de 11 vitórias consecutivas do senador.
Obama prometeu reagir com mais dureza contra Hillary, cuja campanha nos últimos dias questionou sua franqueza nas críticas a tratados comerciais e sua capacidade de ser comandante do país num momento de crises internacionais.
"Acho que nas próximas semanas vamos nos juntar a ela nessa discussão. Ela argumentou que tem uma larga experiência, ao contrário de mim. Acho importante examinar esse argumento", disse o senador.
A campanha de Obama reiterou os pedidos para que Hillary divulgue as declarações de renda apresentadas com seu marido, o ex-presidente Bill Clinton, desde que eles deixaram a Casa Branca. Assessores dizem que ela vai apresentar os documentos "em 15 de abril ou por volta dessa data".
Obama lembrou que ainda tem uma folgada vantagem sobre Hillary em termos de delegados já comprometidos para a convenção. Como a distribuição nas prévias é proporcional à votação, Hillary precisará ter vitórias esmagadoras em vários Estados para conseguir ultrapassá-lo.
Pelas contas da MSNBC, Obama soma 1.307 delegados eleitos, contra 1.175 de Hillary (a definição de muitos delegados escolhidos na terça-feira ainda está sendo calculada).
Dificilmente alguns dos candidatos alcançará o "número mágico" de 2.025 delegados necessários para a indicação, o que aumenta a atenção para a Flórida e Michigan, que perderam o direito a enviar delegados à convenção por terem antecipado demais as suas primárias. Em ambos os Estados, dirigentes voltaram a cogitar uma repetição das votações.
Em meio à incerteza, Hillary admitiu a possibilidade de que os dois acabem formando uma só chapa para a Casa Branca.
"Bem, pode ser que rumamos para aí, mas temos de decidir quem estará na cabeça da chapa", disse Hillary, que costuma evitar essa questão, em entrevista matinal à CBS.
Mais tarde, tanto Hillary quanto Obama disseram ser "prematuro" discutir uma chapa conjunta.
As próximas disputas, nas quais Obama é favorito, são em Wyoming (sábado) e Mississipi (terça-feira). Depois haverá uma pausa até o importante duelo da Pensilvânia, em 22 de abril.