O Ministério Público Estadual conseguiu o apoio da Associação das Empresas do Mercado Imobiliário de Alagoas (Ademi) e do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscom) para o combate à dengue em Maceió. A parceria foi firmada durante reunião realizada na tarde desta segunda-feira, dia 2, com representantes dos setores de imóveis e da construção civil para combater os focos de mosquitos nos canteiros de obras. Medidas educativas e conscientização dos trabalhadores da construção civil também serão impulsionadas pelos representantes do setor, em parceria com o MP de Alagoas e órgãos públicos.
A reunião, realizada no auditório da Procuradoria-Geral de Justiça, foi coordenada pelos promotores de Justiça Micheline Tenório, Dalva Tenório e Ubirajara Ramos. Na abertura da reunião, a promotora Micheline Tenório falou dos objetivos da convocação e da importância da parceria com o setor da construção civil na guerra contra a dengue. Segundo ela, o combate à dengue é uma responsabilidade de todos os setores da sociedade. “Por isso, quem não fizer a sua parte e colocar em risco a vida da coletividade poderá ser processado, podendo sofrer as sansões previstas em lei, de acordo com o Código Penal e com a legislação ambiental”, alertou a promotora.
O promotor de Justiça Ubirajara Ramos também deixou claro que, no setor da construção civil, os prováveis criadouros do mosquito devem ser fiscalizados pelas empresas, inclusive nos terrenos e imóveis fechados que estejam reservados para futuros empreendimentos imobiliários. “No entanto, estamos querendo estabelecer com o setor uma parceria, para que ações de combate à dengue sejam desenvolvidas, sem que o Ministério Público tenha que lançar mão de medida coercitiva”, destacou o promotor de Jusiça, acrescentando que o mais importante é que sejam criados mecanismos de controle do vetor transmissor da doença.
O presidente da Ademi, Judson Uchôa, elogiou a iniciativa do Ministério Público e se colocou à disposição da instituição para desenvolver ações de combate à dengue. O representante da Ademi ficou de enviar ofícios aos associados colocando a preocupação do Ministério Público quanto ao aumento dos focos do mosquito nos canteiros de obras e nos locais de depósito de entulho. Além disso, ficou de recomendar aos associados para que façam o tratamento regular das águas paradas; que escalem um funcionário para fiscalizar e combater os focos dos mosquitos; e para que verifiquem a destinação certa do entulho produzido pela obra.
A promotora Dalva Tenório também fez uma sugestão que foi aceita pelos representantes do setor. Ela pediu que os arquitetos tivessem uma preocupação maior com os projetos arquitetônicos que muitas vezes projetam edifícios com “reservatórios naturais” de águas das chuvas. “Há prédios onde as cabines do porteiro, cobertas com concreto são verdadeiros depósitos de água parada, ideais para a proliferação de mosquitos. Quem olha de cima, vê o problema e muitas vezes não pode fazer nada, a não ser pedir ao zelador do prédio para mandar limpar”, destacou a promotora.
O empresário Ronald Vasco, representante da Ademi, disse que a Associação já realizou, em outros momentos, reuniões com os trabalhadores da construção civil para conscientizá-los da importância do combate à dengue, não só no canteiro de obra, como também em casa. O empresário ficou de marcar reuniões e convidar os promotores de Justiça para participarem de encontros com os empregados e também com empregadores da construção civil, para debater a prevenção e o combate ao mosquito transmissor da dengue.
Durante a reunião, os representantes da Ademi e do Sinduscon assistiram a palestras da representante da Slum, Nadja Barros, que falou sobre “Manejo e Gestão de Resíduos da Construção Civil”; e do coordenador-geral do Centro de Controle Zoonozes de Maceió (CCZ), Carlos Eduardo da Silva, que falou como o mosquito se prolifera e o trabalho que o poder público tem para combatê-lo. “Se não houve a ajuda da sociedade, do cidadão comum, do empresário e das instituições fica difícil combate a dengue em Alagoas, que já registra este ano cerca de 10 mil casos, em todo o Estado”, afirmou o coordenador-geral da CCZ.