O sonho terminou. O time lutou, foi valente. Mas caiu na disputa de pênaltis. Após vencer por 3 a 1 no tempo normal, com os gols de Thiago Neves, o Fluminense falhou nas penalidades e perdeu por 3 a 1. Conca, Thiago Neves e Washington, três dos principais jogadores do time, tiveram as cobranças defendidas pelo goleiro Cevallos. E a LDU conquistava nesta quarta-feira, no Maracanã, o título da Taça Libertadores. No primeiro jogo, disputado em Quito, os equatorianos venceram por 4 a 2.
Milhares de torcedores deixaram o Maracanã chorando. O silêncio era impressionante no estádio. Nada de vaias ou aplausos. Apenas a decepção. Festa apenas para a pequena torcida da LDU, que comemorava nas cadeiras o primeiro título da Libertadores de um clube do Equador. O presidente do país, Rafael Correa, presenciou tudo da tribuna de honra do estádio.
Thiago Silva não acredita na derrota nos pênaltis e fica inconsolável em campo
Dono da melhor campanha da primeira fase da Libertadores e após eliminar três campeões da competição – Nacional de Medellín, São Paulo e Boca Juniors -, o Tricolor teve neste dia 2 de julho um dos dias mais tristes de seus 106 anos de história. Ao Fluminense, resta encontrar forças para superar tempos difíceis pela frente. Sem o título, o clube deixou de faturar cerca de R$ 9 milhões em cotas. Vai amanhecer nesta quinta-feira na lanterna do Campeonato Brasileiro, a única competição que lhe resta na temporada. E também deve perder dois dos seus principais jogadores – Thiago Silva e Thiago Neves – para o futebol europeu. A chance dos dois ficarem seria o clube se classificar para o Mundial da Fifa.
E Thiago Neves teve uma noite iluminada. Fez três gols no tempo normal. Feito inédito em uma decisão da Libertadores. Mas não foi suficiente. Faltou ao Fluminense mais coragem após marcar o terceiro gol aos 12 minutos do segundo tempo. O time diminuiu o ritmo e viu o tempo passar e se encaminhar para a loteria dos pênaltis.
Com isso, pelo segundo ano consecutivo, um clube brasileiro perdeu a decisão da Libertadores. Em 2007, o Grêmio foi derrotado pelo Boca Juniors, da Argentina, na final. Com o título, a LDU é o quarto clube classificado para o Mundial de Clubes da Fifa, que acontece em dezembro, no Japão. Já haviam assegurado a vaga o Manchester United-ING (campeão europeu), o Pachuca-MEX (campeão da Concacaf) e o Waitakere United (campeão da Oceania). Outras três vagas ainda estão em jogo e serão conhecidas apenas em novembro. São para o campeão da África, o da Ásia e o do Campeonato Japonês. Como campeão da Conmebol, o time equatoriano já entra na disputa na semifinal.
Thiago Neves empata para o Fluminense No vestiário, os jogadores receberam as camisas das mãos de seus familiares. Quando o time entrou em campo, uma linda festa começou na arquibancada. Fogos de artifício, sinalizadores verdes com os torcedores, bandeiras e camisas eram balançadas. Antes de a partida começar, os jogadores se reuniram em campo para uma corrente.
Mas aos cinco minutos veio o balde de água fria. Guerrón fez uma festa pela direita e cruzou rasteiro. Bolaños apareceu livre e chutou forte, no canto direito de Fernando Henrique, que não teve muito a fazer. A LDU abria o placar: 1 a 0.
O Maracanã ficou em silêncio. A torcida, apreensiva. Quando Washington dominou e ficou livre na área, veio a chance de empate. Mas o chute foi para fora. Será que não seria o dia tricolor? A resposta veio rápida. Thiago Neves arriscou de longe. E o goleiro Cevallos aceitou. Bola rasteira no canto esquerdo. Era o empate do Fluminense. A torcida recuperava a esperança. E assim como nos confrontos contra o São Paulo e o Boca Juniors, o time conseguia reagir minutos depois sofrer um gol.
Apesar do empate, a torcida tricolor seguiu quieta. Só se manifestava para protestar contra o árbitro Hector Baldassi, que estava benevolente com as faltas duras da equipe equatoriana, principalmente em Thiago Neves, e economizava nos cartões amarelos.
O Fluminense não estava bem. Tanto que aos 25 minutos, Dodô começou a se aquecer. A LDU fazia cera, o jogo ficava muito tempo parado. E Hector Baldassi também não tomava qualquer atitude irritando os tricolores. Mas o Fluminense tinha a objetividade dos campeões. Chegava e marcava. Aos 28 minutos, Junior César cobrou rápido um lateral para Cícero, que cruzou para Thiago Neves. O meia completou de primeira para o fundo da rede. Era a virada tricolor! O gol que precisava para a torcida voltar a gritar.
Nem o susto de Fernando Henrique, que errou ao sair uma bola e quase deu um gol feito ao adversário, calou os torcedores. Logo depois, Washington recebeu e foi derrubado por Ambrossi na área. Pênalti claro, mas o árbitro Hector Baldassi não deu nada para a revolta geral dos tricolores. Renato Gaúcho discutia com o quarto árbitro. Depois, com o bandeira. Não parava de reclamar do árbitro. E o primeiro tempo terminava.
De falta, o gol salvador!
Para o segundo tempo, Renato Gaúcho colocou o atacante Dodô no lugar de Ygor. Com isso, Cícero passou a jogar mais recuado. E foi do artilheiro a primeira chance. Após receber na área, Dodô deixou o marcador no chão e chutou. A bola foi por cima do travessão.
E Dodô estava mordido realmente com a reserva. Aos sete minutos, o atacante dominou na área e chutou. A bola desviou em Calle e bateu na trave antes de sair para escanteio.
Aos 11 minutos, Thiago Neves sofreu falta na entrada da área. Ele mesmo cobrou. Com perfeição, no canto esquerdo de Cevallos, que pulou atrasado. Era o terceiro gol do Fluminense. O Maracanã tremeu tamanha a festa da torcida. Vale lembrar que na véspera da partida, no último treino nas Laranjeiras, o meia teve um aproveitamento espetacular nas cobranças de falta. Das sete que tentou, fez cinco gols e acertou uma vez o travessão.
O jogo ficou nervoso. Com o resultado, a partida iria para a prorrogação. A LDU resolveu sair mais. Urritia arriscou de fora da área e Fernando Henrique espalmou para escanteio. Logo depois, Bieler chutou da entrada da área e a bola bateu na trave direita do goleiro tricolor.
O Fluminense diminuiu um pouco o ritmo. E deixou de explorar a insegurança do goleiro equatoriano Cevallos. Ele quase entregou em um chute de Conca no meio do gol. A defesa, toda atrapalhada, aconteceu com uma das mãos. Aos 36 minutos, falta perigosa a favor do Tricolor. Conca cruzou para a área e Washington cabeceou por cima do travessão.
Os torcedores voltaram a apoiar o time com os gritos de "Nense". Mas o Fluminense preferiu não se arriscar. E a partida foi para a prorrogação. Mais 30 minutos de emoção pela frente.
Prorrogação com poucas chances
O tempo extra foi nervoso. A LDU tentava ganhar tempo nas bolas paradas, mas também atacava. Principalmente com Guerrón. O Fluminense tinha as melhores chances nos chutes de longe. Primeiro com Thiago Neves, depois com Thiago Silva. Ambos para fora.
Junior César também tentava aparecer pela esquerda, mas os cruzamentos paravam nas cabeças dos equatorianos. Em uma sobra, Dodô chutou com força por cima do travessão. O tempo parecia passar mais rápido. E terminou o primeiro tempo.
Maurício entrou no lugar de Gabriel, bastante cansado. Mas o segundo tempo começou em ritmo lento. Aos 11 minutos, um lance polêmico. Cruzamento longo para a área e Bieler fez o gol de cabeça. De forma errada, o bandeira Ricardo Casas marcou impedimento e o árbitro Hector Baldassi anulou prejudicando o time equatoriano.
O jogo voltou a ficar emocionante. Thiago Neves recebeu na área e chutou cruzado. Cevallos fez difícil defesa e evitou o gol. Aos 14 minutos, contra-ataque rápido da LDU e Luiz Alberto é obrigado a derrubar Guerrón na entrada da área. O zagueiro, que já tinha cartão amarelo, foi expulso. Era o último lance da partida. Mas Ambrossi cobrou na barreira. E o título seria decidido nos pênaltis.
Urrutia abriu a disputa. Um chute forte no meio do gol. Fernando Henrique caiu para o lado direito. LDU 1 a 0. Conca seria o primeiro cobrador tricolor. E o argentino perdeu. Chute forte, mas no meio. Cevallos defendeu.
Campos bateu o segundo pênalti para a LDU. E Fernando Henrique defendeu. Festa no Maracanã. A torcida gritou o nome do goleiro tricolor. Thiago Neves tinha a missão de deixar tudo igual. Mas decepcionou. Chute rasteiro no lado direito de Cevallos, que defendeu com os pés. E Salas não perdoou. Fez o segundo gol da LDU.
Cícero foi o terceiro cobrador tricolor. E finalmente fez o primeiro do Fluminense. Mas a vantagem ainda era equatoriana. Guerrón abriu a quarta série. E deixou o Fluminense em situação complicada: 3 a 1.
Washington foi cobrar sob pressão. Se perdesse, a série acabava. O chute foi no canto direito. E Cevallos defendeu. A LDU era campeã da Libertadores! Silencio e choro no Maracanã. Os torcedores, sem acreditar, não saiam da arquibancada. Mas a festa era equatoriana.
Ficha técnica:
FLUMINENSE 3 (1) x 1 (3) LDU
Fernando Henrique, Gabriel (Maurício), Thiago Silva, Luiz Alberto e Junior Cesar; Ygor (Dodô), Arouca (Roger), Cícero, Thiago Neves e Conca; Washington.
Cevallos, Campos, Calle e Araujo; Ambrossi, Vera, Urrutia, Manso (Araújo) e Bolaños (Salas); Guerrón e Bieler
Técnico: Renato Gaúcho. Técnico: Edgardo Bauza.
Gols: Bolaños aos cinco minutos, Thiago Neves aos 11 e aos 28 minutos do primeiro tempo; Thiago Neves aos 12 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Luiz Alberto, Thiago Silva e Cícero (Fluminense); Bieler, Vera, Cevallos e Guerrón (LDU)
Cartão vermelho: Luiz Alberto (Fluminense)
Estádio: Maracanã, no Rio de Janeiro.
G 1