A sessão pública realizada para discutir o impacto ambiental da construção da ponte ligando os estados de Alagoas e Sergipe lotou o auditório do Sindicato dos Servidores Municipais da cidade de Penedo. Convocada pelo suplente Manoel Sant’Anna (PTB), o encontro serviu para que as classes política e ambiental mostrassem os argumentos para a realização da obra entre as cidades de Penedo e Neópolis (SE). Isto porque, existe a proposta, por parte do governo do Estado vizinho, de realizar a obra entre Brejo Grande, em Sergipe, e Piaçabuçu, o que causaria um impacto ambiental muito maior. É a primeira sessão pública realizada fora do plenário da Assembléia nesta legislatura.
Em um discurso inflamado, que atraiu vários momentos de aplausos da platéia, o deputado federal Givaldo Carimbão (PSB), que participou da sessão representando a bancada federal, traçou o dilema mundial envolvendo a questão da preservação ambiental e criticou duramente o capital especulativo. Isto porque um dos principais interessados na obra entre Brejo Grande e Piaçabuçu é um grupo empresarial que pretende construir um resort na região.
“A especulação não pode superar a preocupação com a questão ambiental. A construção entre Penedo e Neópolis custará em torno de R$ 80 milhões, a metade do outro trecho e com impacto ambiental quase zero. Então, não há o que discutir”, declarou o parlamentar federal. De acordo com os primeiros estudos, o custo da obra, caso ela seja feita entre Brejo Grande e Piaçabuçu, deverá chegar a R$ 150 milhões. Além disso, a contrução da ponte entre Penedeo e Neópolis, irá reduzir em torno de 20 quilômetros a ligação entre Aracaju e Maceió. De acordo com técnicos e ambientalistas, a construção será fundamental para fortalecer o turismo entre Penedo e a cidade sergipana.
O assessor de comunicação da Codevasf, Eduardo Motta, fez uma explanação para mostrar a importância econômica da obra para a cidade de Penedo. “Essa construção, se acontecer na cidade de Piaçabuçu, atingirá a Área de Preservação Ambiental (APA) existente na região, ou seja, causando um imenso dano ambiental e para o ecossistema local”, afirmou ele. A APA do Marituba, em Piaçabuçu, serve como berçário para diversas espécies, especialmente tartarugas marinhas. A obra atingiria profundamente o local. “Esta APA tem a finalidade de preservar as características naturais, a biodiversidade da fauna e da flora e a produtividade pesqueira”, acrescentou Motta.
O bispo diocesano de Penedo, dom Valério Bréda, entregou um documento oficial da Igreja Católica assumindo posição em favor dos penedenses. No texto, o religioso usa argumentos políticos, econômicos e até mesmo religiosos para defender a obra na cidade, como a preservação da vida na região. O presidente do Departamento de Estradas e Rodagens de Alagoas (DER), Ronaldo Lopes, lembrou que a ponte entre Penedo e Neópolis terá cerca de 1,2 mil metros de extensão, metade do que seria entre Piaçabuçu e Brejo Grande.
O secretário estadual de Infra-estrutura, Marco Firemann, declarou que o próprio governo de Sergipe tem se mostrado acessível à opinião defendida durante toda a sessão pública, de realizar a obra em atendimento a cidade de Penedo. “Mas existem algumas questões do vizinho estado, o que impede a definição do ponto exato em que a obra será edificada”, afirmou Firemann.
No final da sessão pública, o propositor do evento, o suplente de deputado Manoel Sant’Anna disse que será elaborado um documento oficial por parte da Assembléia Legislativa, o qual será encaminhado para o Legislativo sergipano e para o governo federal defendendo a obra na região de Penedo. O presidente interino da Assembléia, deputado Fernando Toledo (PSDB), considerou o assunto esgotado. “Tanto pelas explanações levando em consideração a questão política, quanto ambiental”, disse Toledo. O parlamentar adiantou que a posição do governador Teotonio Vilela Filho, mesmo após a assinatura do protocolo de intenções com o governador sergipano Marcelo Déda (PT) é para a construção atender aos penedenses. Os deputados Pastor João Carlos (PTB), Hélio Silva (DEM) e José Maria Tenório (PMN) também estiveram presentes à sessão.
