Contratado para defender a adolescente Nayara Silva, de 15 anos, o advogado Ângelo Carbone já decidiu uma de suas primeiras medidas: processar o Estado de São Paulo e pedir R$ 2 milhões de indenização para a família da jovem que foi ferida com um tiro no rosto no desfecho do seqüestro em Santo André, no ABC, na sexta-feira (17).
“Penso em R$ 2 milhões para cima. Os pais dela querem justiça”, afirmou Carbone na manhã desta quarta-feira (22). O advogado se baseou em, segundo ele, “falhas” que ocorreram durante o caso. “É um absurdo ela ter voltado (ao cativeiro). Uma loucura. Ela não tinha autorização dos pais. Quem fez isso vai ter de responder”, disse Carbone.
Ele se referia ao fato de Nayara ter voltado ao apartamento de Eloá Cristina Pimentel, 15, a amiga que era feita refém pelo ex-namorado Lindemberg alves, 22, desde segunda-feira (13). Nayara também estava no imóvel, mas havia sido libertada no dia seguinte. No entanto, quis voltar ao local para ajudar nas negociações. Carbone culpou a polícia por ter deixado que ela tomasse a atitude. “O Estado a colocou em uma situação em que quase morreu”.
Na ação, o advogado pedirá também que o governo arque com todas as despesas de tratamento psicológico e médico para Nayara para que ela “não fique mendigando nada”. Ele previu que a menina “terá problemas na escola e no trabalho” por causa do trauma sofrido.
Depoimento
Carbone afirmou que pretende levar a adolescente ainda na tarde desta quarta para depor. As declarações de Nayara são consideradas fundamentais no inquérito para que se saiba como foram os últimos momentos antes e depois da invasão do Grupo de Ações Táticas Especiais (Gate), tropa de elite da PM.
O advogado, que assumiu o caso apenas na terça-feira (21), disse que o depoimento deve ser no fórum de Santo André, na presença de um promotor e do delegado do caso. Uma psicóloga acompanhará tudo. “Não vai ter pressão. Ela não vai ficar ficar 6 horas sofrendo”, afirmou Carbone, que chamou Lindemberg Alves de “psicopata” e “assassino frio e calculista”.