Preço do gás natural deve subir até 25%, diz Petrobras

O preço do gás natural poderá subir entre 15% e 25% nos próximos dois anos. A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da Petrobras à Folha Online nesta quinta-feira.

Em entrevista ao jornal "O Globo" de hoje, a diretora de Gás e Energia da Petrobras, Maria das Graças Foster, disse que a era do gás barato acabou e que o corte para as distribuidoras foi comunicado com antecedência.

"O custo de produção do gás é crescente, é preciso que haja racionalidade. O gás não pode ficar descolado das variações de outros combustíveis", disse ao jornal.

Ontem, o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, admitiu que, com a renegociação dos contratos com as distribuidoras, o preço também será renegociado. Ele evitou falar, no entanto, se haverá aumento e qual o percentual.

Gabrielli disse ainda que as distribuidoras sabiam que a quantidade de gás fornecida poderia ser reduzida se houvesse necessidade de enviar um maior volume às termelétricas, que têm prioridade no recebimento.

"A Petrobras não foi leniente. Na medida em que havia disponibilidade de gás ela entregou, mas todas as distribuidoras estavam conscientes de que, se houvesse necessidade, o gás seria reduzido", afirmou.

Na quarta, quem também falou sobre o assunto foi o ministro de Minas e Energia, Nelson Hubner. Ele disse que não aconselha novas conversões de carros para o uso de GNV (Gás Natural Veicular), mas que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva trabalha para que quem já vez a conversão, tenha o abastecimento garantido.

Crise

A polêmica sobre o abastecimento de gás começou na terça-feira da semana passada, quando a Petrobras reduziu o volume de gás entregue às distribuidoras do Rio e de São Paulo para assegurar a geração de energia elétrica para as termelétricas a gás natural do país.

Com a decisão, postos de gasolina e oito grandes indústrias do Rio de Janeiro, entre elas a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a Bayer, tiveram o fornecimento de gás natural comprometido.

Uma liminar da Justiça, porém, obtida na quarta-feira seguinte, determinou que a estatal regularizasse o fornecimento às distribuidoras. Nesse dia, a falta de gás fez com que as térmicas gerassem, em média, 250 MWh a menos da energia firmada no termo.

Ontem, Lula voltou a afirmar que não há risco de desabastecimento. "Aconteceu um probleminha de gás no Rio de Janeiro e acabou a energia do mundo? Não, não acabou. Esse país tem energia garantida até 2012. Vamos achar e comprar o gás que precisar", disse.

Estímulo

Alguns Estados, nos últimos anos, promoveram incentivos fiscais para estimular a conversão para uso de gás. No Rio, por exemplo, o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) é 75% mais barato para quem tem o motor adaptado para uso de gás. Em São Paulo, o desconto no IPVA é de 25% e no Paraná, de 60%.

Além disso, no Rio o gás conta com um valor menor de ICMS que em outros Estados. Na semana passada, o presidente da EPE (Empresa de Pesquisa Energética), Maurício Tolmasquim, classificou o incentivo como "deliberado". "Isso é muito popular, mas não é racional. Isso dá voto à beça", afirmou.

Segundo o IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis), a frota a gás no Estado do Rio é de 617.131 veículos, o equivalente a 23,7% do total de carros. Em São Paulo, os carros a gás somam 363.073 unidades, mas representam 3,37% do total.

No país, a frota de carros movida a gás passa de 1,3 milhão, de acordo com dados da ABGNV (Associação Brasileira do Gás Natural Veicular) — São Paulo e Rio respondem, assim, por 75%.

Fonte: Folha

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