‘Não aceito ser colocado como líder de uma organização criminosa’, diz Albuquerque

O presidente da Assembléia Legislativa de Alagoas, deputado Antonio Albuquerque (DEM) realizou na tarde de hoje um pronunciamento emocional, onde discorreu sobre sua trajetória pessoal e política e respondeu a algumas acusações envolvendo o seu indiciamento na Operação Taturana da Polícia Federal, que investiga o desvio de mais de R$ 200 milhões da folha de pagamento do Poder Legislativo.

Albuquerque anunciou oficialmente que a Mesa Diretora da ALE já solicitou ao Tribunal de Contas da União que o órgão assumisse a auditoria da folha de pessoal da Casa e que, depois de algumas discussões envolvendo parlamentares e membros da sociedade civil, a Mesa decidiu que os salários dos servidores do Poder Legislativo seriam pagos normalmente em dezembro.

O presidente da ALE disse que resolveu romper parte do silêncio depois de ler em “tablóides que sobrevivem da extorsão” trechos do inquérito que corre em segredo de justiça. “Não posso aceitar ser colocado como líder de uma organização criminosa que age há cinco anos. Nos últimos quatro anos, eu vivi isolado politicamente nesta Casa. Não é possível que eu fosse o líder sem assinar cheques”.

Servidores

Com relação aos empréstimos tirados em nomes de servidores, o presidente da ALE disse que se houve má conduta de servidores na declaração do imposto de renda ou no empréstimo consignado eles deveriam ser punidos. “A Mesa não pode ser penalizada. Da mesma forma que Lula não sabia o que José Dirceu fazia, é muito mais fácil que eu não soubesse o que funcionários que eu nem conheço faziam”, alegou.

Albuquerque falou do constrangimento de ter tido sua residência – em Limoeiro de Anadia, invadida pela PF e da divulgação pela imprensa local de que aquele patrimônio havia sido adquirido com o furto dos R$ 200 milhões. “A residência está em meu nome há 22 anos, e estou apenas há 13 no Parlamento”.

Ele também rebateu as acusações de que teria adquirido um veículo Fusion com o dinheiro supostamente desviado. “Não é possível que um cidadão de bem acredite que, ao longo da minha vida pública tão devassada, eu cometesse tamanho equívoco. O Ford Fusion é financiado em meu nome”. Outra denúncia rebatida por Albuquerque foi a que identifica movimentação financeira de mais de R$ 8 milhões na sua conta. “Em minha conta nenhum centavo desse dinheiro passou”, afirmou.

Retaliação

O deputado chegou a cogitar a possibilidade de o seu nome ter sido envolvido na Operação Taturana como retaliação da PF: “Quando defendi meu cunhado, um homem honrado, acusado injustamente na Operação Navalha, disse que desafiava a PF a provar que eu tivesse recebido a qualquer tempo, qualquer quantia em dinheiro de algum empresário. Não quero fazer juízo de valor, mas não sei se esta minha fala culminou em tudo isso o que está acontecendo hoje”.

Albuquerque frisou, durante todo o seu pronunciamento, o fato de ter trabalhado desde a infância, inclusive em serviços mais humildes. “Perfeito é o Espírito Santo de Deus, que nos lembra dos nossos defeitos. Aquele que nunca foi passivo de equívoco que atire a primeira pedra. Aceito que me atire a primeira pedra aquele que nunca errou”.

Albuquerque disse que, durante a reunião que teve ontem com o presidente da OAB e representantes de vários sindicatos, explicou como a Assembléia emprega seus recursos. “Mostrei as contas e, ao final, recebi um crédito de confiança”.

Ao final de seu pronunciamento Albuquerque leu o requerimento dos deputados petistas Paulo Fernando dos Santos, o Paulão e Judson Cabral – onde solicitam o afastamento dos membros da Mesa Diretora indiciados pela Operação Taturana durante as investigações – e arquivou o pedido, alegando que o documento continha erros e era inconstitucional.

A sessão foi suspensa em seguida, por tempo indeterminado, para que os deputados possam analisar, e posteriormente votar o projeto de Orçamento para 2008, para que o recesso parlamentar tenha início.

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