Do impeachment ao golpe militar: atos contra Dilma têm discurso fragmentado

Movimentos com discursos distintos, como Vem Pra Rua e Revoltados Online, dividem o mesmo espaço neste domingo

DivulgaçãoCamiseta da grife Sérgio K custa R$ 129 e tem os dizeres "A culpa não é minha! Eu votei no Aécio"

Camiseta da grife Sérgio K custa R$ 129 e tem os dizeres “A culpa não é minha! Eu votei no Aécio”

Dilma Rousseff deve permanecer no cargo até o final do mandato, mas com uma oposição dura e atuante. Ou não: Dilma tem de sofrer impeachment. E em uma eventual saída da presidente, o poder deve ir para as mãos do vice Michel Temer. Ou não: é hora de os militares entrarem em ação.

Todas as afirmações acima, tão distantes entre si, estarão na rua – lado a lado – durante nas manifestações que serão realizadas neste domingo (15) contra o governo Dilma. Participarão dos atos quatro grupos principais: Movimento Brasil Livre (MBL), Vem Pra Rua, Revoltados Online e Legalistas. Cada um deles tem a própria pauta, o que pode debilitar a ação.

O MBL, por exemplo, defende o impeachment de Dilma Rousseff. Já o Vem Pra Rua não acha que a presidente deva deixar o cargo neste momento. Os Legalistas querem que os militares tomem o poder, enquanto o Revoltados Online tem como guru o deputado Jair Bolsonaro (PP) e é conhecido pela fúria com que se refere ao PT nas redes sociais.

“Essa divisão pode enfraquecer o movimento, sim, mas por outro lado haverá espaço para todos discursarem”, afirma Kim Kataguiri, 19 anos, um dos líderes do MBL.

Marcello Reis e Deborah Albuquerque, integrantes do Revoltados Online, pregam pelo impeachment e compartilham vídeos com integrantes gritando “vaca” e “anta” contra Dilma Rousseff e sonham com o dia em que Bolsonaro seja presidente do Brasil. “Tenho enorme simpatia pelo Jair Bolsonaro, é um homem que nunca se meteu em atos corruptos”, disse Albuquerque em vídeo.

“O impeachment é um processo político e penal e, para isso, precisa de uma parte jurídica consistente. E não temos tese jurídica para isso ainda”, contrapõe Rogerio Chequer, do Vem pra Rua.

Chequer reconhece a fragmentação dos discursos dos grupos de oposição. “O fato de ninguém aguentar mais este governo é o que compartilhamos. A diferença é a forma de mudança que cada um pede, mas todos vão coexistir no mesmo espaço”, diz. “Nós, por exemplo, somos absolutamente contra qualquer tipo de intervenção militar, golpismo ou separatismo.

Movimentos ausentes

As manifestações de domingo não contarão com a presença de movimentos sociais que fazem críticas pontuais ao governo federal, como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) e Movimento Passe Livre (MPL).

“Vamos nos mobilizar em relação aos cortes na política social do governo, como no Minha Casa Minha Vida, que atinge diretamente a nossa luta. Mas não vamos nos unir a esses grupos que pedem o impeachment, pois entendemos que isso é uma tentativa de golpe disfarçado”, disse Jussara Basso, coordenadora nacional do MTST.

Black blocs

Em redes sociais, black blocs afirmam que não participarão de manifestações pró e contra Dilma Rousseff.

“Nós, apartidários, que não votamos e nem acreditamos nessa política partidária, sistema socioeconômico, estamos comendo pipoca, dando gargalhada e assistindo de camarote a uma direita bipolar, esquizofrênica, revoltada (online), com apoio da mídia e dos EUA, tentando aplicar um golpe do tipo ‘criança que não aceita perder o jogo e leva a bola pra casa”, escreveram black blocs no Facebook.

Fonte: iG

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