Jovem cria empresa e trabalha de casa como ‘vendedor de likes’

Pacotes oferecem 500 curtidas por R$ 18,90 e mil seguidores por R$ 25,90.

 

O desenvolvedor de sistemas Daniel Curado, de 24 anos, que criou empresa em Brasília para vender popularidade na web (Foto: Raquel Morais/G1)
O desenvolvedor de sistemas Daniel Curado, de 24 anos, que criou empresa em Brasília para vender popularidade na web (Foto: Raquel Morais/G1)

Apostando na expansão das redes sociais, o brasiliense Daniel Curado, de 24 anos, se juntou com um amigo para criar uma empresa especializada em tornar as pessoas mais populares na web. Entre os pacotes ofertados estão o de 500 curtidas em posts do Facebook em até quatro horas por R$ 18,90 e o de mil seguidores no Instagram em até 24 horas por R$ 25,90. A ideia surgiu há três meses e, desde então, o rapaz aproveita o privilégio de poder trabalhar no próprio quarto.

“Tanto eu como o Diogo [sócio] já trabalhamos em diversas agências de publicidade aqui em Brasília”, conta o jovem. “Observamos no dia a dia a necessidade das pessoas em aumentar as curtidas e seguidores. Isso é uma demanda global, todo mundo quer ter mais curtidas e seguidores.”

A ideia é mostrar para as pessoas que tem muita gente curtindo, e então isso as motiva [a comprar]. Quando cai no conhecimento popular, as pessoas veem que muita gente está curtindo, inclusive os famosos, então daí começa a moda; todo mundo comprando, curtindo e compartilhando”
Cliente

Enquanto Curado se dedicou a desenvolver o site da empresa, o sócio descobriu “fornecedores” nos cinco continentes. Assim, quando os jovens recebem a confirmação do pagamento de uma encomenda, eles entram em contato com essas pessoas para que elas convencem usuários de redes sociais a curtirem fotos e posts, fazerem comentários ou seguirem os clientes. Há parceiros em países como China, Estados Unidos, Canadá e Portugal.

A dupla também põe a mão na massa e divulga a página na web para tentar atingir o máximo possível de pessoas no menor tempo possível. A média de vendas é entre cinco e dez pacotes por dia. O serviço também engloba Twitter, Youtube, Pinterest, Google Plus, Soundcloud e websites.

“[Os clientes têm] Perfil variado, tanto jovens como pessoas mais velhas, atores, mulheres bonitas. Os motivos [para nos contratarem] são diversos, desde empresariais, egocêntrico, ou para atrair ainda mais curtidas e seguidores”, afirma Curado.

Dono de uma marca de camisetas alternativas, um empresário disse ao G1 que notou aumento de 40% na procura pelas roupas desde que comprou um pacote para o Facebook. “Optei pelo serviço pois já tinha uma rede de fãs, então lancei uma nova estampa e simulei como se mil pessoas tivessem curtido”, conta.

De acordo com o rapaz, a popularidade da publicação levou outras 500 pessoas a também darem like na rede social. O homem disse estar satisfeito com o resultado e afirmou que vai voltar a encomendar curtidas nos próximos lançamentos.

“A ideia é mostrar para as pessoas que tem muita gente curtindo, e então isso as motiva [a comprar]”, explica. “Quando cai no conhecimento popular, as pessoas veem que muita gente está curtindo, inclusive os famosos, então daí começa a moda; todo mundo comprando, curtindo e compartilhando.”

Nos termos de uso do Instagram, a empresa diz que o usuário é responsável por qualquer atividade que ocorra por meio da conta “e concorda em não vender, transferir, licenciar ou ceder sua conta, seus seguidores, seu nome de usuário ou qualquer direito da conta.” Já o Facebook pede aos usuários para não coletar conteúdos ou acessar a rede social por meio de meios automatizados, como bots de coleta, robôs, spiders ou scrapers, sem permissão prévia.

G1 procurou ambas as organizações para comentar o serviço, mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

Daniel Curado olha página de site que criou para vender likes na web (Foto: Raquel Morais/G1)
Daniel Curado olha página de site que criou para vender likes na web (Foto: Raquel Morais/G1)

‘Vantagens de ser visível’
Preferindo não revelar o lucro com a atividade, o desenvolvedor de sistemas Daniel Curado diz que, embora ainda não consiga se manter só com a atividade, o esforço tem rendido mais e mais lucro a cada dia. Ele e o sócio trabalham até dez horas por dia e às vezes também nos finais de semana.

Para a psicóloga Juliene Azevedo, essa demanda cada vez maior pelo serviço está relacionada à mudança de postura e às exigências de posicionamento que as redes sociais passaram a impor às pessoas. “Graças ao Facebook, Google+, Twitter e outras redes, você é alguém que constrói opinião e compartilha seus conhecimentos com seus amigos com uma incrível facilidade, o que até uma década atrás não imaginávamos existir.”

Juliene afirma, porém, acreditar que a compra da popularidade seja uma fraude. Ela também diz que é preciso estar atento para o fato de que o sucesso na web não garante que as pessoas não se sintam sozinhas “no mundo real”.

“Muito pelo contrário. Você acaba se esquecendo das pessoas que realmente se importam com você. Amigo de verdade te dá bronca, diz coisas que te fazem ficar com raiva e não manda mensagem só quando está prestes a pedir um favorzinho. Quem se preocupa com você, se preocupa até quando isso não vai mudar absolutamente na vida dele”, conclui.

Fonte: G1

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