‘Nunca foi um fardo ser a Mônica’, afirma filha de Maurício de Sousa

Mônica crê que as novas tecnologias não ameaçam os gibis. Escritor foi o homenageado da Bienal; veja as atrações do último dia.

Mônica de Sousa com a boneca da personagem que inspirou. (Foto: Mônica de Sousa/Arquivo Pessoal)
Mônica de Sousa com a boneca da personagem que inspirou. (Foto: Mônica de Sousa/Arquivo Pessoal)

Mônica de Sousa vive uma situação única: ajuda a administrar o trabalho do qual é musa inspiradora. Filha do cartunista Maurício de Sousa – autor homenageado da 17ª Bienal do Livro do Rio, que termina neste domingo (13) –, ela diz se sentir orgulhosa do pai poder desfrutar do reconhecimento pela sua obra aos 80 anos.

Alvo de curiosidade do público por ter inspirado o personagem, a diretora comercial da Maurício de Sousa Produções conta que a relação com o processo de criação do pai é muito natural.

“Meu pai trabalhava na sala de casa, então crescemos vendo ele desenhar todos os personagens”, contou.

Todos os nove irmãos de Mônica ganharam homenagens do pai nos quadrinhos. Magali, a irmã um ano mais nova, por exemplo, foi inspiração para a menina comilona de vestido amarelo.

Em entrevista exclusiva ao G1, ela fala sobre como foi crescer inspirando um personagem que faz parte da infância de tantos brasileiros, sobre como é trabalhar com o pai e quais são os desafios para se manter no mercado de gibis com o avanço de novas mídias.

O Brasil é um país conhecido por prestar homenagens a artistas depois que eles morrem. E seu pai, Maurício de Sousa, é o principal homenageado da Bienal do Livro do Rio. Qual é a importância para ele de receber prêmios e grandes homenagens como essa ainda vivo?

É uma grande honra, ficamos orgulhosos de participar de todas as premiações em um ano tão importante como este em que celebramos os 80 anos do meu pai. É um grande presente! O mais importante é que ele próprio assiste a homenagem e pode agradecer tanto carinho.

Você e seus irmãos inspiraram personagens na obra do seu pai. Mas você inspirou a mais conhecida, que fez parte da história de todas as gerações que vieram depois dele. Como é a curiosidade das pessoas sobre você? Você é muito abordada quando sabem que você é a Mônica que inspirou as historinhas?

Sim as pessoas ficam muito curiosas para saber como é ser a Mônica, como era a minha infância, muita gente ainda fica chocada quando descobre que eu existo! Quando a Mônica apareceu pela primeira vez eu tinha três anos, mas acho que não me dei conta que tinha inspirado um personagem. Meu pai trabalhava na sala de casa, então crescemos vendo ele desenhar todos os personagens. Não me tocava, porque para nós era algo normal, não existia isso de quem é o personagem principal. Hoje eu amo ser a Mônica! Ela com certeza serve de inspiração para muitas meninas e também faz parte de uma Turminha que é adorada por todos os brasileiros, responsável pela alfabetização informal de muitos deles.

Mônica conta chegou a se incomodar pela referência da personagem na adolescência (Foto: Mônica de Sousa/ Arquivo Pessoal)
Mônica conta chegou a se incomodar pela
referência da personagem na adolescência
(Foto: Mônica de Sousa/ Arquivo Pessoal)

Em algum momento ser a Mônica que inspirou as historinhas foi um fardo?

Nunca foi um fardo, é muito bom servir de inspiração de uma personagem tão forte e determinada. Houve uma fase em que isso me incomodou um pouco, na pré-adolescência, nessa fase queremos ficar longe de todas as características que trazemos da infância.

Ter originado a personagem Mônica já te colocou em alguma situação engraçada?

Não foi tão engraçada, mas teve uma época que eu pensava que era forte como a Monica, e peitei uma menina bem maior e bem mais velha que eu, levei uma bela surra, depois disso, nunca mais!

Você trabalha como diretora comercial da empresa do seu pai. É complicado trabalhar em uma estrutura familiar?

Com o tempo aprendemos a separar a relação profissional com a particular e familiar.

De tempos em tempos, a Turma da Mônica apresenta novos personagens e novas versões de seus personagens – como o caso da Turma da Mônica Jovem. É uma tentativa de se modernizar diante dos consumidores das histórias? Você identifica alguma alteração muito importante neste mercado?

A Mauricio de Sousa possui diversas famílias de personagens como Turma da Mônica, Turma do Chico Bento, Monica Toy, Turma da Mônica Baby, Turma do Penadinho, Turma da Mônica Jovem, entre outros. Estamos sempre inovando e acompanhando a modernização do mundo, mas sempre mantendo a tradição. Mônica Toy, por exemplo, é uma série em 2D com foco no público jovem, são animações de 30 segundos dos personagens da Turma da Mônica em versão Toy Art, com linguagem universal. É um formato novo, esta Turma nasceu para o universo digital.

Qual o papel da internet no mercado de histórias em quadrinhos? Você acha que as revistinhas em papel tendem a desaparecer?

A tecnologia vem agregando cada vez mais para a Mauricio de Sousa Produções. Inclusive, recentemente lançamos o aplicativo Caixa de Quadrinhos que oferece acesso a todo o acervo de revistas publicadas desde a década de 1980, alguns de forma gratuita e outros mediante assinatura. Isso faz com que os quadrinhos estejam cada vez mais próximos dessa geração que adora tecnologia e também dos fãs da Turminha que vivem em outros países, por exemplo.

Da esquerda para direita, Magali, Mauricio de Sousa e a Mônica 'original' (Foto: Alex Araújo/G1)
Magali, que inspirou a personagem, Mauricio de Sousa e a Mônica ‘original’ durante a ‘Mônica Parade’, em Belo Horizonte (Foto: Alex Araújo/G1)

As atrações deste domingo
No Café Literário, no Pavilhão Azul, às 15h, Ferreira Gullar é o convidado para falar sobre sua obra. Às 17h30, “Tocando no papel: No embalo dos livros sobre discos”, é o tema da conversa do Café Literário, com Dado Villa-Lobos, Arthur Dapieve, Charles Gavin e Mauro Gaspar.

O Conexão Jovem, que acontece no Pavilhão Verde, aproxima fãs de seus ídolos.
Às 15h, Babi Dewet, Paula Pimenta, Bruna Vieira e Thalita Rebouças falam sobre o livro que lançaram “Um ano inesquecível” em que cada uma escreveu um conto no cenário de uma das quatro estações. A mediação é de Jaqueline Silva. Distribuição de senhas às 10h.

Fonte: G1

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