Um grupo realizou um “beijaço” na frente de unidades do bar Carne de Sol 1008, no Setor Pedro Ludovico, em Goiânia, na tarde deste domingo (14). Entre os participantes estava o advogado Leo Wohlgemuth Lôbo, de 30 anos, que afirma ter sido repreendido e hostilizado por garçons do estabelecimento por beijar o namorado, o produtor cultural João Lucas Ribeiro, de 32, no último dia 8.
“Essa situação que nós sofremos acabou motivando o ato, mas ele não foi feito só por isso. Houve solidariedade, claro, mas o objetivo também foi dar um basta no preconceito e para dizer que as pessoas são livres para demonstrar afeto em qualquer lugar”, afirmou Leo ao G1.
Segundo ele, o grupo com cerca de 50 pessoas caminhou por ruas do bairro e passou na frente das unidades do bar. “Foi um movimento lindo, um ato de amor. Nem mesmo a chuva nos impediu. Esperamos que outros gays, lésbicas, travestis e simpatizantes nunca passem por nenhum tipo de constrangimento”, afirmou o advogado.
O G1 entrou em contato com o Carne de Sol 1008, mas um funcionário afirmou que os donos do estabelecimento não estavam no local e que ele não podia se pronunciar sobre o assunto.
Confusão
O casal diz que foi repreendido por garçons de uma das unidades do bar na última segunda-feira (8). Leo explica que já havia ido ao restaurante outras vezes, mas nunca passou pelo mesmo problema. Ele afirma que não havia motivo para a situação.
“Fomos lá almoçar e tomar cerveja. Estava pegando na mão e nos beijando na boca, um carinho comum, como qualquer casal. Aí veio um funcionário e pediu para parar, que era inapropriado porque no local havia crianças”, disse.
O advogado conta que, naquele momento, decidiu ir embora. Antes, no entanto, pediram mais uma cerveja e a conta. Porém, ele alega que ficaram 40 minutos esperando e não receberam nem o pedido nem a comanda e resolveram deixar o local.
“Pensei: ‘já que não querem receber, vamos embora’. Mas aí uns 15 garçons saíram logo atrás e nos acompanharam e nos hostilizando até o carro pedindo que pagássemos a conta”, afirma.
Para sair da confusão, ele diz que deu R$ 100 a um dos garçons. Antes de entrar no carro, porém, um homem, que Leo alega não conhecer, o ameaçou com uma faca no pescoço.
Na ocasião, um dos proprietários do bar, José Teodoro Neto, afirmou que não houve hostilidade e que o casal acabou se excedendo. Ele salientou ainda que o a casa proíbe cenas amorosas, independente do sexo de quem pratica.
“Troca de carinhos entre héteros ou homossexuais, sim. Mas nada de cenas obscenas, que era o que estava acontecendo. Do mesmo jeito que no cardápio está escrito ‘proibido a venda de bebidas alcoólicas para 18 anos’, está proibido cenas amorosa, tanto para homem com homem, mulher com mulher ou casal de homem e mulher”, diz.
O gerente do local, Limírio Rodrigues Neto, disse que o casal estava “visivelmente embriagado” e que outros clientes se sentiram incomodados com a situação. De acordo com ele, os dois “ultrapassaram os limites”.
“Quando falei com ele que ele estava um pouco alterado, ele levantou, bateu o copo na mesa e começou a gritar, fazer escândalo. Eles estavam passando a mão nas partes íntimas um do outro e os clientes do lado com crianças vendo”, pontuou.