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Luis Vilar

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A coletiva

O presidente do Legislativo, Antônio Albuquerque (Democratas), no uso de suas atribuições, resolveu afastar diversos servidores do Legislativo, por conta do relatório da comissão de inspeção formada por membros da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Alagoas, e da Procuradoria Geral do Estado. A comissão foi instituída para apurar irregularidades no parlamento referentes à folha salarial. Para quem não lembra, a folha do Legislativo foi alvo de uma operação da Polícia Federal, que resultou no indiciamento de dez deputados, entre eles Albuquerque.

Em outras palavras, todos aqueles que possuem proximidade com indícios de irregularidade na folha salarial foram afastados. Porém, mesmo – conforme inquérito da Polícia Federal – estando por trás destas supostas irregularidades, os deputados da Mesa Diretora brigam – paralelo aos afastamentos dos servidores – por continuarem em seus cargos. Para Albuquerque, não há analogia entre os funcionários e os nobres deputados.

O presidente do Legislativo – que durante a coletiva rogou incansavelmente a proteção do Espírito Santo – disse ainda que há duas populações em Alagoas: uma que pede para ele sair e outra que clama para que ele fique. Na hora das analogias, Albuquerque preferiu comparar a situação dos deputados ao presidente Luis Inácio Lula. “Ele não foi afastado quando houve o já conhecido escândalo do mensalão”. O “Homem de Limoeiro” só faltou dizer que era preciso subir no pé para retirar os limões.

As analogias não pararam por aí, Albuquerque ainda fez questão de comparar a situação com o procurador geral de Justiça, Coaracy Fonseca, quando este foi acusado de abuso de autoridade pelo colegiado. O presidente do Legislativo só esqueceu de dizer que nenhum dos citados – alvos de suas analogias – foram indiciados pela Polícia Federal. E assim, volta a Mesa Diretora. Albuquerque preside a sessão ordinária do Legislativo e com os vetos governamentais em mãos para submetê-los a maioria governista. Para Albuquerque, uma atitude por Amor a Alagoas e com a benção do Espírito Santo.

O presidente do Legislativo ainda pediu para que se evitem prejulgamentos. “Não se constrói nada para Alagoas assim. Seja para os privilegiados ou para os sofridos”, colocou. Realmente para os privilegiados não se constrói nada com o atual sofrimento da Mesa Diretora. Já para os sofridos, bem, eu tenho as minhas dúvidas. Ao comentar a decisão de continuar à frente da Assembléia, Albuquerque foi incisivo: “Eu já estou de volta”, firmando uma presença que contrastava com sua ausência na sessão de abertura presidida pelo interino Alberto Sextafeira (PSB).

Sobre sua permanência na Mesa, mesmo sendo um dos indiciados pela PF, Antônio Albuquerque diz: “Não há porque me afastar. Houve busca e apreensão, quebra de sigilo telefônico. Enfim, não há mais nada a esconder. É impossível esconder o passado”. Albuquerque defende ainda que só cabe à Casa – que já deu sérios sinais de corporativismo – afastar os deputados, sob a desculpa de serem questões internas.

Por fim, encerra o parlamentar: “se eu cometir algum erro, não foi de propósito”. Levando-se em consideração o afastamento de alguns servidores, podemos até dizer que os fantasmas foram embora. Porém, eu desconfio que ainda esteja longe do parlamento deixar de ser uma casa mal-assombrada. Não é por Albuquerque, mas pelo passado de um Legislativo que nunca conseguiu grandes vôos quando o assunto é transparência e desenvolvimento de Alagoas. Mas, mesmo sem vôos altos, este teco-teco tem sim “caixa-preta”!

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