A entrevista de Rui Palmeira

Existem pelo menos três deputados empenhados em recuperar a credibilidade da Assembléia Legislativa de Alagoas. Não apenas recuperar de forma parcial, ou promovendo medidas que estão amparadas no corporativismo. São eles Paulo Fernando dos Santos, o Paulão (PT), Judson Cabral (PT), e Rui Palmeira (PR). Dos três a grande surpresa é Rui Palmeira, que apesar de advindo do berço do conservadorismo político que ronda Alagoas, tem demonstrado posicionamentos sóbrios e independentes no parlamento.

Paulão é o mais experiente dos três, quando o quesito é Assembléia Legislativa. Sempre foi o discurso contraditório daquela Casa, apontando necessidade de CPIs e colocando muitas vezes o dedo em feridas incomodas, como ao falar em grupos de extermínio, cartelização de combustíveis, roubo de cargas e – em agosto de 2006 – colocar que a Mesa Diretora (na época presidida pelo ex-deputado Celso Luiz) não prestava contas, nem era fiscalizada de fato pelo Tribunal de Contas.

O deputado petista chegou inclusive a provocar o Ministério Público, que ouviu alguns ex-deputados mais não saiu disto. Cabral está em seu primeiro mandato e traz a experiência da Câmara de Vereadores de Maceió. Por lá, as coisas não são muito diferentes (só quem proporções menores). Judson Cabral é dado aos pronunciamentos menos efusivos, porém extremamente coerentes. É coerente, por exemplo, pedir o afastamento da Mesa Diretora, enquanto se apura os reais danos da Operação Taturana.

Mas, vindo do PT é o que se espera aqui em Alagoas. A surpresa é mesmo as declarações que Rui Palmeira vem dando à imprensa. O novo deputado já foi alvo inclusive da ironia dos colegas, entre eles, no recente discurso do presidente da Assembléia Legislativa, Antônio Albuquerque (Democratas), que ao saber que Rui Palmeira aprovava o afastamento da Mesa retrucou que não é justo pré-julgar já que em situação semelhante se encontrou Guilherme Palmeira, pai do jovem deputado.

Guilherme Palmeira chegou a ser citado durante a Operação Navalha. Em entrevista ao jornalista Mendonça Neto, Rui Palmeira teria dito que Albuquerque foi leviano ao jogar o nome de seu pai em discurso.

– "O deputado Antonio Albuquerque foi leviano quando, da Presidência, envolveu o nome do meu pai, porque Guilherme Palmeira jamais foi indiciado por crime nenhum nem teve sua casa vistoriada pela polícia em busca e apreensão de vestígios de crime. O presidente faltou com o respeito à verdade." Eis o trecho transcrito da reportagem publicada no Extra.

Enfim, mas do que recuperar a credibilidade, estes três deputados – a cada fala com a imprensa, mesmo sem assumir isto publicamente – estão uníssonos no discurso subcutâneo de que no parlamento nem tudo e nem todos são farinhas do mesmo saco. Esta semana, Rui Palmeira deu declarações incisivas quanto à Assembléia Legislativa, ao colocar que os padrões de vida de alguns deputados e seus salários não combinam e que isto era indício claro de que algo cheirava podre no Reino da Dinamarca.

De acordo com o semanário Extra é de Rui Palmeira a seguinte declaração: "Antes de eu ir a tribuna apoiar a proposta do PT para o afastamento da Mesa, tivemos uma reunião interna e o presidente, dirigindo-se a mim, disse que não admitia que ninguém fosse à televisão para pedir seu afastamento. Reagi, a turma do deixa disso nos apartou, mas deixei claro que não abria mão de minhas posições e que não tinha participado de nenhum ato de corrupção no legislativo, nem sequer nomeado parentes, nem participado do rateio da chamada verba de gabinete da presidência. Cada um que responda pelo que fez".

A Assembléia Legislativa acumula esqueletos nos armários. Erros cometidos em gestões passadas, que a atual faz questão de esquecer ou não apurar. Talvez por se lambuzar do mesmo mel, talvez por corporativismo, ou por interesses escusos…

Rui Palmeira tem se juntado a um time combativo. Recentemente, em uma conversa com o deputado Judson Cabral – durante uma entrevista ao jornal Tribuna de Alagoas – ele teceu elogios ao jovem parlamentar. Não me espantaria se Rui Palmeira – em muito breve – aparecesse levantando bandeiras que viessem a indignar os conservadores, ou até mesmo aos seus financiadores de campanha…

Espero que não seja apenas mais uma promessa…