A feira que o diabo montou

Blog de Ana Cláudia Laurindo
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Na feira das vaidades quase tudo está em oferta! A moeda da agressão está em alta. Quem ousar desafiar se prepare para sofrer, sem ninguém se indignar, pois futuro de quem tentar ser cidadão e comprar perseguição!
Na feira das Alagoas, de tudo pode se achar: propina, corporativismo, silenciamento, crime de mando, corrupção, impunidade, nepotismo, preconceito, homofobia, racismo, arbitrariedades; abundam! Já seriedade, respeito, igualdade de direitos, proteção e defesa da vida, políticas públicas para coletividades, investimento na educação e saúde, amadurecimento político e cultural, estão cada vez mais sumidos, pois segundo os feirantes, isso não dá dinheiro!
Produto forte na feira é a compra e venda de favores! Esse é muito procurado, assim como é oferecido. Certa vez, por inocência, procurei certo representante de Direitos Humanos, acreditando no compromisso institucional da entidade a que se vinculava: não deu em nada, mas ele jura que me beneficiou pelo simples ato de registrar um fato. Negociava e eu não sabia! Era a tal feira, mas eu não percebia!
Fui buscar direitos e proteção social numa certa Corregedoria, a encenação foi perfeita, mas o corporativismo era a única moeda que valia, mas uma vez estava na feira, e não percebia!
Participei como depoente diante de certo magistrado, agia com honestidade, mas os dados estavam marcados! Surpresa e decepcionada, senti toda minha retórica de sobrevivência ser desafiada, consegui escapar, mas de alma arranhada, participava da feira sem saber de nada!
Desenhou-se em minha frente o passado do Brasil, onde a cadeia, a prefeitura, a igreja e o fórum ocupavam o mesmo largo! A feira nasceu assim, entre instituições e decisões, beneficiando sempre quem já era beneficiado.
Percebi que em Alagoas o arcaico se camufla, o ortodoxo se enfeita e a elite não se educa. Homens de mal proceder estão usando o poder para torturar e matar, as decisões no entanto, na feira de sedas e mantos, deságuam aumentando o pranto do pobre que não tem voz! A feira flui, se garante, tudo lindo como dantes!
Que nada! Democracia? Não é produto do dia. Direitos Humanos, então, só serve como bordão para motivar projeção! Justiça? Que nada, amigo! Se o problema é contigo, lamenta e chora sozinho! Quando o problema for meu, procuro um bom vendedor, compro seja lá o que for e acredito que está bom. Afinal, mudar o quê? Se tem feira todo dia, se a troca é garantia e não pertenço à pobreza?
Os defensores sociais, os religiosos em Cristo, os seareiros do bem, que acreditam na Paz, já abusaram demais! Metade deles cansou, comprou o produto emprego! Outros se desiludiram, foram falar no deserto! Quem ficou que se exponha, depois morra de vergonha, pois na feira eles não entram. Alagoas com suas loas, lorotas e cordões de fita, tem a feira mais bonita que o diabo já montou.