Luis Vilar
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Para o presidente da Associação dos Delegados da Polícia Civil de Alagoas (Adepol), Antônio Carlos Lessa, a fuga ocorrida na Delegacia Regional de Penedo “já era previsível”. “Isto devido ao estado da delegacia, que já foi inclusive interditada pela Justiça, devido a ausência de condições para o funcionamento da mesma”, colocou. No entanto, o prédio da Regional de Penedo abrigava 42 presos. Destes, 29 continuam foragidos.
De acordo com Antônio Carlos Lessa, a situação das delegacias do Estado de Alagoas é de calamidade. O delegado afirmou ainda que a Adepol encaminhou ofício – há um ano – ao Ministério Público do Estado de Alagoas para que fosse tomada alguma providência. “Houve descaso por parte do Governo do Estado e não obtivemos resposta por parte do MP. Sendo assim, entramos na Justiça pedindo a interdição das delegacias de Penedo, Arapiraca e mais seis da capital”.
Antônio Carlos Lessa colocou ainda que não são apenas as fugas que preocupam os delegados. “Pode ocorrer algo bem pior, como os presos fazerem agentes de refém, ou então haver troca de tiros entre policiais e criminosos dentro das delegacias, pois não é função da polícia judiciária guardar o preso. Por conta disto, os policiais trabalham quase exclusivamente como carcereiro e os inquéritos se acumulam nas delegacias, porque não há como realizar diligências”, frisou.
Em outras palavras, a Delegacia Regional de Penedo não é um fato isolado.
Segundo Antônio Carlos Lessa, diante da situação atual das delegacias, a Polícia Civil de Alagoas não tem trabalhado como deveria, deixando sem solução vários crimes de homicídio ocorridos em Alagoas, o que reforça a sensação de impunidade. Vale ressaltar, que em 2008 ocorreram mais de dois mil casos de assassinatos no Estado de Alagoas. “É difícil se sentir seguro assim. Eu mesmo não me sinto seguro. Já fui inclusive vítima de assalto. A Adepol vai continuar lutando e cobrando, pois é preciso mais investimentos na segurança pública”, colocou ainda o delegado.
A situação das delegacias do Estado de Alagoas já foi alvo de discussões envolvendo o Poder Judiciário, a Associação de Delegados da Polícia Civil de Alagoas e a Defensoria Pública. Esta última chegou a realizar vistorias nas delegacias consideradas mais críticas. Porém, conforme Antônio Carlos Lessa, apesar da preocupação de vários órgãos, a situação ainda é grave e pode ser exemplificada com o que ocorreu hoje na Delegacia Regional de Penedo.