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Luis Vilar

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A greve e a auditoria na folha da ALE

A reivindicação dos servidores da Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas é justa e legitima. O aumento – é claro – não deveria cair nas contas, e se cair, dos 1.300 funcionários, pois se sabe que grande parte destes, sequer sabe o que é um dia de trabalho. Aumento a quem de fato trabalha, e merece aumento. Aumento, aos que dão duro como “apoio parlamentar”, e devem sim ser reconhecidos, como já reconheceu à Justiça, mas não a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas.

Além do aumento, são 9,2 folhas atrasadas. Sobra dinheiro para tudo na Assembléia Legislativa, menos para reconhecer o que de fato merece reconhecimento. Agora, avisa Fernando Toledo, só depois de uma auditoria – que por sorte durará apenas seis meses – é que se concederá reajuste salarial. Não bastasse, alguns funcionários – possivelmente os que não trabalham – já receberam até 70% de aumento.

Porém, o que chama a atenção mesmo é a postura do sindicato da categoria, que morde a jugular da Mesa Diretora, em momento frágil, depois de 14 anos de subserviência aos comandos da Casa Tavares Bastos. Ernani Malta – presidente do sindicato – ainda possui uma “ótima” relação com o deputado estadual afastado Antônio Albuquerque (sem partido). Dizem, nos bastidores, que a paralisação dos servidores conta inclusive com a benção do presidente sem cargo.

Momento histórico: um sindicato que esperou mais de uma década para reivindicar os direitos constituídos de seus representados, pousa de herói e independente e ameaça pedir intervenção e bloqueio de contas. Do outro lado, o presidente interino Fernando Toledo (PSDB) também arrota “independência” e diz que não sofre pressões de ninguém e bate o pé na necessidade de auditoria.

Lá na Polícia Federal, o jovem delegado Janderlyer Gomes prepara um pedido de prisão preventiva contra o grupo de deputados afastados, justamente pela influência que estes ainda exercem na atual Mesa Diretora. Será delírio? Ora, os parlamentares pegos pela Operação Taturana e que deixaram as cadeiras da Casa Tavares Bastos sempre estiveram presentes, rondando e soprando nos ouvidos de sindicalistas e de outros parlamentares.

Na cena de protesto em frente à Associação Comercial, o mais famoso “olheiro” de Albuquerque prestava solidariedade ao movimento. Ele continua na Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas, mesmo depois do fim das anuências e do pedido de retorno dos funcionários do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas. Tudo para inglês vê. Sofre mais, quem acredita mais.

A greve é importante e deve ser respeitada, porém é preciso ter cuidado com os olhos sobre o movimento.

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