Luis Vilar
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Recebi um e-mail com uma coletânea de frases. Foi enviado por um grande amigo. Uma das frases – atribuídas ao francês Albert Camus – me chamou a atenção, e apesar de estar presa ao tempo em que foi escrita, soa como atual. Camus diz: “A política e os destinos da humanidade são forjados por homens sem ideais nem grandeza”. Como soa pesado, já que a humanidade somos nós, porém é uma verdade, uma vez que os acontecimentos reprováveis tem saído do sui generis e caindo na normalidade brutal do cotidiano, aliando-se a nossa conformidade.
Camus ainda diz que aqueles que possuem grandeza se afastam da política. É neste ponto que discordo um pouco. A arte da mudança é política. Não apenas por meio do voto. É uma balela esta propaganda do Tribunal Regional Eleitoral de que o país está em nossas mãos e basta ir lá e na urna e digitar os números. Independente de quem ganhe e onde quer que ganhe, o sistema corrompido segue o seu compasso. Não faz parte apenas da Assembléia Legislativa, Câmara Federal, ou o que quer que seja.
O buraco – no popular – está mais embaixo. Estamos deitados em berço esplêndido ao som de Calypso, por exemplo. Atraídos feito imãs de geladeiras aos BBBs da vida. Deixando-nos – feito vampiros sedentos – nos embebedar pelas matérias sobre violência com fotos de cadáveres sob os mais variados ângulos. Estamos em cada flash com uma nova pose. Não falta apenas grandeza na alta casta de quem faz politicagem no lugar de política. Infelizmente estamos atravessando um deserto de idéias, desprezando os oásis aonde jorra intelectualidade.
Intelectualidade no bom sentido. Sem ser aquela arrogância dos livros acadêmicos e das palavras difíceis, que muitas vezes é um outro ciclo fechado onde impera a fogueira das vaidades. Os intelectuais que discutem para si mesmos não são lá muito diferente dos marombados que passam horas olhando os próprios músculos no espelho, cultuando o sonho de transarem consigo mesmos. Algumas discussões políticas hoje em dia – de tão ortodoxas e confusas – perderam suas grandezas e passaram a ser uma masturbação mental, que ainda julga os que tão do lado de fora de “alienados”, sem sequer pensar em atraí-los. Sem contar, que como Quixote, há quem ainda creia que vá salvar o mundo com um cabo de vassoura na mão e um livro de auto-ajuda debaixo do braço.
Enquanto isto, ao navegar pela internet uma avalanche de idiotice nos salta aos olhos. Ah, vejam só a última da Britney Spears (sei lá como se escreve, e não vou checar no google. Orgulho-me de não saber escrever o nome dela). Em algum país distante: lá vai bomba! Na Daslu mais um sonho de consumo é realizado. Irmão, eu também quero um Nike. Tome um teco de três oitão na cabeça para eu tirá-lo dos seus pés. O mundo tem ficado claustrofóbico. É para ter pena de quem no turbilhão do hipertexto e da TV Digital ainda possui um pouco de bom senso ou apela para a inteligência.
Façam suas preces e repitam comigo uma das celebres frases do filme Matrix: “A ignorância é uma benção”. Sim, estamos numa Matrix. Cuidado para não ser desconectado…