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O senador João Tenório (PSDB) pode ser considerado uma pessoa de sorte no mundo da política. Tornou-se senador sem um único voto, depois que o Teotonio Vilela Filho (PSDB) venceu as eleições ao Governo; no mandato, aproveitou a natimorta bancada federal alagoana para mostrar-se no púlpito do Senado Federal, nos discursos em defesa do Governo tucano, apostando nos problemas do próprio umbigo: a desigualdade alagoana, a dívida pública, a capacidade de endividamento do Estado.

Era velho discurso, revestido pelo novo: um usineiro falando de miséria e pobreza em Alagoas? Ora, por que não?

E, claro, é verdade, o senador caiu no esquecimento de novo- mas não por acaso. Mergulha novamente para ser relembrado, uma contradição aparente. Não para quem tenta retonar à condição de negociador.

Ele despacha em Brasília para não perder as discussões sobre o etanol – ou pró-álcool, para os saudosistas.Tenta espantar boatos de uma possível doença- câncer no intestino- "boatos", para os próximos.

E penetra no labirinto quase dramático da psicologia de dois titãs da política nacional: Renan Calheiros (PMDB) e Fernando Collor (PTB). Lá, se aproxima dos dois para saber das próprias chances ao Senado. Não são muitas. Quer tentar, mesmo assim.

Alegria para os prefeitos e vereadores. Sonham com Tenório jogando dinheiro em uma campanha farta- talvez um rito shakesperiano de ser e ter em igualdade de condições- assim como o fez o ex-deputado federal João Lyra (PTB), hoje na vala do silêncio praticamente monástico e das especulações sobre doença, falência e desilusões. O fim de Édipo, o rei atormentado.

Voltemos a João Tenório. Collor tenta lidar com uma atuação sem grandes diferenças na casa com 81 senadores. Calheiros quer salvar-se do naufrágio político, depois do escândalo no Congresso Nacional. A bancada federal- salvo exceções- nem existe em Alagoas ou – em alguns setores- tem atuação pífia ou delirante. Sobra João Tenório.

E ele não sobra porque compõe. Ele convenceu Fernando Collor a pedir votos ao governador de São Paulo, José Serra (PSDB), para o Palácio do Planalto; Collor aceitou, porém, faz do silêncio sobre os bastidores da política uma profissão de fé. Olhando a bancada do presidente Lula, o ex-presidente não apóia Dilma Rouseff, a ex-guerrilheira, ao Planalto. Prefere Serra. E a classe média baixa, o grosso dos eleitores de Collor, pode caminhar para esta montanha. Serra já ganhou em Alagoas para presidente. Por que não tentar de novo, desta vez no Brasil?

E Renan? Bem, João Tenório quer convencer o ex-presidente do Congresso Nacional a reaparecer, sem chamar a atenção, com Serra. E vejam como a sorte- novamente- corre ao lado de Tenório: em uma possível vitória do governador de São Paulo à Presidência da República, levando-se em conta as pesquisas de intenção de voto, quem seria o grande articulador para levar Renan Calheiros, o macunaíma da política nacional, próximo ao rei? João Tenório, é claro.

O tucano pode tudo? Pode. Só convencer a bancada federal alagoana a seguir o mesmo rumo em 2010. Os deputados são mortos, mortos não falam. Ponto para Tenório e sua estrela dourada: ele mesmo fala (e negocia) por eles…

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