Luis Vilar
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Antes de iniciar este texto, gostaria de deixar claro o meu respeito pelos policiais que exercem suas profissões dentro do limite da legalidade e em prol de uma sociedade segura de fato, sabendo o papel que cabe à polícia no combate à violência e a criminalidade, já que a atividade policial é apenas um dos pontos da questão. Há ainda a presença do Estado – no sentido amplo da palavra – em áreas de risco, que é incipiente e ausente de projetos.
Mas, o que me chamou a atenção foi um vídeo postado na internet pelo portal de notícias Cada Minuto expondo – de forma flagrante – uma cena que é repetida diuturnamente em algumas abordagens policiais. Nas cenas vemos policiais agredindo um homem – que independente de ser culpado ou inocente – não tem a mínima chance de defesa, ou pior: não apresenta risco aparente, pois seria facilmente imobilizado e levado a uma delegacia, caso tivesse sido flagrado cometendo algum delito.
Vivemos em um tempo de barbárie. Isto não é mais uma indagação. É um fato. O medo passou a ser um imperativo categórico dentro do nosso cotidiano. Mesmo sem saber ao certo do quê e por que, nós somos condenados ao medo. O medo de não ser mais uma das inúmeras vítimas, sejam nas estatísticas de assaltos, roubos, homicídios, dentre outras alarmantes que nos observam das sombras de uma sociedade frágil tangida por governantes – muitas vezes – inoperantes, larápios, dentre outros adjetivos que só ajudaram a construir a tal barbárie.
Mas, o que esta barbárie tem construído e autorizado é o que mais me assusta! No combate a criminalidade, a licença para espancar, matar e humilhar é concedida fácil e aplaudida por muitos que enxergam no discurso do “bandido bom é bandido morto” a salvação de tudo. Sei que muitos vão me criticar duramente ao ler este post, mas é preciso ter cuidado com os discursos mais ferrenhos e apaixonados. Estamos na época da ditadura das togas, na época de “deixar o couro comer no lombo dos mais fracos”. Toda bandidagem deve ser punida com total rigor, mas dentro daquilo que é Justiça e que jamais pode ser confundida com vingança, sob pena de errarmos os tiros ao “disparamos primeiro e perguntarmos depois”, como já aconteceu com muito inocente morto neste Estado.
Quem lembra do caso do eletricista torturado pelas forças policiais em Alagoas por ter sido confundido com um bandido. Ele denunciou a tortura a qual sofreu e foi brutalmente assassinado por aqueles que tinham autorização para tudo. Se espancar ladrões de galinhas, drogados, dentre outros pequenos infratores que facilmente são mobilizados e levados para uma delegacia é a solução para acabar com a criminalidade e com a ladronagem neste Estado, está na hora então de pensarmos em colocar o BOPE para invadir o ninho das verdadeiras cobras, fantasiadas em ternos de linho e se amalgamando com os demônios vis do nosso cotidiano nas ilustres casas legislativas de Alagoas. Então, por qual razão os que descem a mão nos pequenos ladrões que nos metem medo, não conseguem esquentar os cacetetes nas costas dos grandes ladrões aos quais prestam reverência e até fazem segurança particular, muitas vezes?
Caro leitor, desculpe se não concordo com o comum e tão sonoro discurso do “bandido bom é bandido morto”. Também sou totalmente a favor de se colocar na cadeia, de se punir com todo o rigor os transgressores que nos metem medo e nos impedem de desfrutar nossa plena liberdade enquanto pessoas de bem. Concordo com a punição severa, quem sabe até perpétua, para bandidos.
Porém, o meu medo ao adotar o discurso do “bandido bom é bandido morto” é me deparar diuturnamente com a cena flagrante de homens do BOPE (que é um batalhão Especializado) espancando alguém no meio da rua, quando estes são treinados para agir de forma correta garantindo a segurança da população.
Eles são treinados para isto? Acredito que não! Não devemos generalizar, pois na corporação existem pessoas que sabem o seu real dever e a quem a sociedade deve muito, mas aqueles que se sentem no direito de matar, bater, espancar o farão primeiro, antes de perguntarem em quem vão bater. Os únicos que estarão a salvo de seus cacetes e pistolas são aqueles aos quais eles prestam continência. Estes estão protegidos, roubando muito mais do que galinhas. Podem ter certeza!
Que a pergunta que faço no início do post seja refletida de forma clara e no campo das ideias. Respeito as opiniões contrárias, pois sei da complexidade e da polêmica do tema. Peço apenas que sejamos civilizados no debate, para que possamos construir algo produtivo.
PS: Abraços a todos e grato pela compreensão, em relação ao tempo que tive que me ausentar do site!