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Luis Vilar

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A cada semana que passa se tem a sensação – em meio aos fatos publicados em jornais – que a Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas chegou ao fundo do poço e deixa transparente as mais sui generis manobras visando favorecer os deputados estaduais afastados por suspeita de corrupção (desvio de mais de R$ 300 milhões). Porém, o enredo que por motivos obscuros ainda é tratado com certa distância pela imprensa sulista e nacional, parece alimentar o buraco de um poço sem fundo.

O emaranhado da corrupção passiva e ativa revelada pela Polícia Federal envolve instituições bancárias de credibilidade, representantes do povo, amantes, times de futebol, fraudes na Receita Federal, funcionários fantasmas…dentre outros elementos dignos – quando se observa as informações prestadas pela Polícia Federal – de uma máfia italiana. Vale ressaltar que tudo o que foi mostrado não é o iceberg por completo no qual a reputação do parlamento alagoano colidiu e agora afunda.

De um lado, o presidente da Casa de Tavares Bastos, Fernando Toledo (PSDB), num ato inesperado afrouxou o nó da gravata e jogou a toalha. Fernando Toledo, recém-eleito com o discurso da implantação da Comissão de Ética e do retorno à normalidade, se mostrou incapaz de dizer que os afastados não poderiam retornar, pelo menos até que a segunda liminar – do juiz Gustavo Souza Lima – fosse derrubada, assim como foi a do desembargador Antônio Sapucaia.

Fernando Toledo se apóia no discurso da “instabilidade política” para pressionar o ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, a dar retorno aos deputados estaduais. Teoricamente esta função caberia a Toledo? Era ele quem deveria resgatar a credibilidade da Casa, mas novamente esta tarefa passa a ser do Poder Judiciário. A Justiça em Alagoas – juntamente com o Ministério Público – acabara por legislar pela inoperância do parlamento? Toledo resolveu fechar a bodega. E se até o dia 17 de março os deputados estaduais afastados não retornarem? Toledo apenas procrastinou o sofrimento? Permanecerá a Assembleia fechada?

Enquanto isto, os demais alagoanos que se mantêm distantes da Casa do Povo, por não haver povo lá dentro, trabalham diuturnamente, recebendo seus salários de forma pacata e por vezes indignada, mas fazendo o Estado acontecer. Afinal, não é todo mundo que tem um emprego com R$ 9 mil de salário e consegue estender as férias até os meados do mês de março, recebendo religiosamente, sem precisar justificar sua produtividade.

O que fizeram os deputados estaduais em 2009 além de serem atores principais dos mais repugnantes factóides? Se algum dia houve pulga atrás da orelha em relação à Assembleia Legislativa, hoje em dia há motivos para que na parte traseira do ouvido se esconda um cachorro inteiro. É uma pena, pois esta não tem sido a melhor forma dos que se dizem inocentes, defenderem suas inocências…

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