A rereeleição

A hipótese de um terceiro mandato – consecutivo – para Lula não parece mais ser algo totalmente abstrato, pelo que se depreende das mais recentes declarações do presidente e de alguns dos seus aliados mais destacados, mesmo que entre eles esteja o cassado ex-deputado e ex-ministro todo poderoso, José Dirceu.
Aliás foi este quem colocou ritmo nas discussões, ao declarar que golpe mesmo foi quando Fernando Henrique defendeu e conquistou o direito a reeleição, enquanto estava no poder. “Agora, não, a reeleição já existe”, diz Dirceu.
O presidente entrou de vez na peleja, quando foi questionado sobre a manobra de Hugo Chávez para praticamente se perpetuar como presidente da Venezuela. Segundo Lula, as mesmas críticas não são feitas com relação aos gigantescos mandatos, quase intermináveis, de primeiros ministros de países europeus, como a Margareth Tatcher, por exemplo.
Primeiro ministro não é presidente; parlamentarismo não é presidencialismo, argumentam os críticos de Lula, mostrando a diferença que existe entre os dois sistemas de governo e, quem sabe, trazendo para a discussão o senador Fernando Collor de Mello, que tem pregado a mudança de regime no Brasil.
Cada um defende suas razões, mas a discussão sobre um terceiro mandato tenta esconder uma certeza: Hoje, Lula ainda seria um candidato imbatível; e seus opositores sabem disso.