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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Absolutamente relativo

Das tantas teorias que existem na ciência uma das que eu mais gosto e acredito ser mais assertiva é a da relatividade de Einstein. Realmente quase tudo é relativo, sobretudo quando falamos do tempo -ou a percepção dele. Uma hora de musculação passa voando; mal dá tempo de se concluir o nosso programa. Já uma hora em cima de uma esteira ou bicicleta ergométrica se arrasta num tormento sem fim. A teoria da relatividade está aí: a hora é a mesma, porém a forma que a percebemos muda completamente a depender do que estamos fazendo.
Os minutos finais em uma partida de futebol se arrastam se o seu time está vencendo por um gol numa final de campeonato, ou voam, se é ele que está perdendo e precisando virar o placar.
Uma insônia congela o tempo, enquanto um momento prazeroso o empurra ladeira abaixo.
Dias podem voar ou se arrastar. O mesmo ocorre com meses – pergunte a uma grávida o que ela acha – assim também como segundos e anos. Porém, os ponteiros do relógio ou a areia da ampulheta seguem ritmados indiferentes às nossas ansiedades e expectativas.
A sabedoria milenar oriental ensina a viver e sentir o passar dos segundos, deixando o tempo fluir por entre nosso corpo e mente. Einstein nem havia nascido, mas eles já compreendiam que nossa mente precisaria estar vazia para que tempo fosse percebido em sua plenitude. Já que o temos de forma limitada, devemos ao menos sorvê-lo em suas minúcias -como cada colherada de uma deliciosa sobremesa: experimente comê-la vendo TV ou distraído ao telefone; ao final, estarás nas últimas colheradas sem ter percebido seu sabor e todas as suas nuances.
Tudo é relativo e o nada também é. O tempo é relativo, o amor é relativo, a beleza é relativa, a riqueza é relativa, a felicidade é relativa, a tristeza é relativa, até certos valores que não deveriam ser também são. Se tudo então é relativo, então a verdade também é. Se a verdade é relativa, então a mentira também é. Então eu me pergunto: se tudo é relativo, o que realmente é absoluto?
Bem, meu caro -diria o mestre -creio que até o absoluto também é relativo.

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