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Um carnaval ajuda a apagar uma lembrança incômoda. Tem a sua algazarra solene, alegre, o barulho dos gestos e a beleza das danças.
Tudo é tão Carnaval quanto o início e fim desta semana. O início, na Assembleia Legislativa, ocupada pelos movimentos sociais; o fim, na praia da Avenida da Paz, no desfile das escolas de samba, no encontro entre o governador em exercício, José Wanderley Neto (PMDB), e o prefeito de Maceió, Cícero Almeida (PP).
Wanderley, o homenageado da noite; Almeida, o mestre de cerimônias, carregando no bolso a chave da festa.
Um início e um fim de oposições, sem possibilidade de união entre alas tão diferentes. Esta certa vontade política de conciliação não é mais exemplo para ninguém há tempos. Afinal, é o compasso monótono de um poder que não se investiga; é a algazarra das Oscips mal explicadas; o barulho da superlotação do Hospital Geral do Estado; aqui, um certo Eixo Viário Vale do Reginaldo misteriosamente abandonado por uma construtora; acolá, um governo sem carteiras escolares para encerrar essa continuidade do analfabetismo e da ignorância.
O Carnaval mostra um enredo simples. Lados sem possibilidade de ampliação de um círculo de alianças. É esta certa vontade da qual a política não é mais exemplo há tempos.
O Carnaval encobre essa oposição, traz à mesma avenida o eleitor, o cidadão, o oprimido, o elegível, o derrotado, o enfeitado de Divino Espírito Santo de Deus, o locutor maluco e o doutor articulado.
O estandarte, à frente dos blocos, revela a magia dos antagonismos políticos e nivela na folia, um Palácio, uma Prefeitura e uma Assembleia, tão desejados por tantos, não pelos artistas das escolas de samba. Simplesmente por aqueles que não sobrevivem sem os apetrechos escandalosos e as máscaras enfeitadas do Poder.
É essa tentativa do Carnaval eterno, na farra com o dinheiro público, transformado em confete e serpentina nos bailes subterrâneos, afastados do salão. Coisa que só a miséria geral consegue produzir. E explicar.
Em 2010, tudo isso pode deixar de existir. Pode virar passado, na “união por Alagoas” para apagar a lembrança incômoda. E a algazarra solene, alegre, o barulho dos gestos e a beleza das danças continua. Ou pode parar, ao som da sirene.

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