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Crônicas e Agudas por Walmar Brêda

Walmar Coelho Breda Junior é formado em odontologia pela Ufal, mas também é um observador atento do cotidiano. Em 2015 lançou o livro "Crônicas e Agudas" onde pôde registrar suas impressões sobre o mundo sob um olhar bem-humorado, sagaz e original. No blog do mesmo nome é possível conferir sua verve de escritor e sua visão interessante sobre o cotidiano.

Todas as postagens são de inteira responsabilidade do blogueiro.

Anos 2000

 

 

 

 

 

Lembro-me perfeitamente quando criança, eu e meus amigos sentados na calçada, exaustos após uma pelada na rua, conversando sobre o futuro. Dizia um:

-Será que no ano 2000 vai ter carro voador?

-Eu acho que quando chegar o ano 2000 o mundo vai se acabar!- Dizia outro.

-Acho que no ano 2000 qualquer um vai poder viajar pro espaço! -Especulava outro futurólogo infantil.

O tal ano 2000 quando visto sob a perspectiva dos olhos de uma criança, parecia uma realidade de ficção científica. A ideia de testemunharmos a passagem de um século para outro, bem como a virada de um milênio,  sugeria um salto evolutivo  transformador para toda humanidade.

O ano 2000 era sempre associado, portanto, ao futuro tecnológico e inovador. A escola de inglês System, incialmente chamava-se “System 2000”. Havia uma marca de tênis no final dos anos 80 chamada “M 2000” -e por aí vai. Todo mundo queria beliscar um naco daquele ano que, ao mesmo tempo que remetia ao fim do mundo, outrossim prometia um futuro idílico aos sortudos que conseguissem sobreviver até lá,  para, enfim, conhecê-lo.

Então ele finalmente chegou. Não voamos nos carros, nem viajamos pelo espaço, e se ainda estamos por aqui é porque o mundo definitivamente não acabou -ao menos não no sentido literal. Nem o temido “Bug do Milênio” que prometia o caos nos sistemas operacionais em todos os computadores do mundo provocou algum dano significativo. Em compensação inventou-se  a internet  e tempos depois surgiram os Smartphones e as redes sociais que mudaram para sempre a forma que nós, seres humanos, nos relacionamos.

Acontece que o tal ano 2000 passou voando e já virou algo velho e démodé. Estávamos todos com a cabeça do lado de fora da janela do trem aguardando cheios de expectativas a sua chegada, mas passamos por ele a mais de mil, mal dando tempo de apreciá-lo -em seguida, ao olharmos para trás o vimos se distanciando sumindo na poeira do tempo.

Carros modelo 2000 agora já nos parecem velhos e ultrapassados. Minha filha já pertence à geração do século XXI, a chamada “geração Z”, que promete revolucionar o mundo com sua inquietude e conexão com o mundo -confesso que tudo me parece tão rápido agora.

Veio-me agora essa reflexão ao olhar um calendário quando me dou conta que já passaram-se 19 anos do grande ano 2000, e mais outros tantos anos de quando nós, sentados na calçada, especulávamos sobre  a futurista virada de século. 2019 parecia, à época, distante demais, ao ponto de ficar longe do alcance de nossas pobres cabeças infantis quando tentávamos volta e meia vislumbrar o misterioso futuro:

-E o ano 2019, como vocês acham que será?

-Ah, eu acho que daqui para lá o mundo já terá se acabado com a quarta guerra mundial!

-2019? Você agora foi longe, hein? Certamente já seremos velhinhos gagás e estaremos flutuando pelo espaço sideral!

Ninguém imaginava que em 2019 o mundo seria mais ou menos o mesmo, mas que estaríamos reféns de pequenos computadores de mão, que praticamente acabaram  com a conversa na calçada após uma pelada na rua. Essa conversa certamente acontece hoje em grupos de whatsapp, cada um na sua casa, especulando sobre o futuro:

-Será que no ano 2100 o mundo vai se acabar?

-Entrem aí nesse site e vejam as previsões para o século XXII…

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