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Aquela que sobrevive

Ana Cláudia Laurindo- blogdeanaclaudia.zip.net

Quem é essa Mulher de trajes simples e pele sulcada, que prende os cabelos em semi-desalinho e não acompanha as notícias nos jornais, mas sabe que Alagoas é um lugar impróprio para pobre viver?
Que voz é essa que traz o tom do silêncio, a verdade imprensada no canto do olho, sem gosto algum pelo banquete de futilidades que as ilusões sociais lhe oferecem?
Essa Mulher um dia enamorada, preferindo acreditar que trazia a isenção à dor, caminhou pelas estradas poeirentas das Alagoas de ontem, já tão espoliada quanto a de agora, porque desejava ser feliz!
Essa fazedora de histórias viu a aurora da madureza raiando, sem sonhos nem melhora, viu desde ontem essa Alagoas de agora, excluindo, deserdando, torturando e matando seus amores.
Essa não é a Mulher que comemora, é aquela que aprendeu a contemplar a força que lhe machuca, e renasce com a aurora, desde Alagoas no ontem, em Alagoas agora!
Quem a vê? Está todos os dias nas filas dos postos de saúde e hospitais, não vale um olhar sequer de atendentes, enfermeiros e médicos. Mulher pobre de Alagoas, tua força de sobrevivência é o mote dessa singela homenagem, dessa outra companheira de destino infortunado, sob as mazelas e as dores do mesmo Estado.
Essa Mulher que enfeita tanto as poesias, no seu dia-a-dia não recebe um mero bom-dia!
Mundo de mentiras o nosso!
Mas ela nos resiste. É a mãe que protesta na porta amarga dos presídios, reclamando os direitos de seus anjos caídos, para todo o sempre condenados! Mulheres revezando postos nas longas filas, aguardando o início das matrículas para arriscar o letramento de filhos e netos, pois uma intuição lhe faz crente de que assim poderão ter melhor futuro. Essa Mulher tão mal vista, quando reclama a vaga não adquirida, essa guerreira que insiste mesmo quando é acusada de só querer receber o bolsa-família.
Deus revista de luz essa alagoana filha e mãe da pobreza!
Essa minha irmã de infortúnio, nesta terra de homens, terra de matadores bem-vestidos! Terra de poesia bruta, gerando a vida que em si palpita através desses ventres sofridos.
A essas Mulheres que conhecem a dor e sabem fazer dela Vida, esse Dia Internacional da Mulher e todos os outros dias que virão, na esperança de que contemplem os parcos sorrisos que serão levados sobre a incomensurável fé que a faz tão fundamental e bela, apesar da pobreza e da morte, Mulher eterna fazedora de amanhãs…

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