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Luis Vilar

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As eleições e suas lições

Não se sabe ainda se reflexo da Operação Taturana ou se fruto do papel integrado de algumas instituições no combate a compra de votos. Mas, o que se viu ontem nas eleições 2008 foram resultados inesperados – em algumas cidades – bem como uma renovação na Câmara de Vereadores de Maceió, com surpresas. Mesmo alguns acostumados a serem eleitos para o Poder Legislativo Municipal não alcançaram o número de votos que estavam contabilizando. Candidatos que pregoavam – nos bastidores – 7 mil votos conquistados (sabe-se lá como) tiveram pouco mais de 3 mil.

Coincidência relacionar com os últimos acontecimentos na vida política do nosso Estado? Cabe ao leitor responder. Um dos fatos – coincidentemente ou não – é que o ex-presidente do Legislativo e deputado estadual Antônio Albuquerque (sem partido) demonstrou um “enfraquecimento político” nestas eleições. Ou as pessoas se afastaram de sua “visão ideológica”, ou a “distância dele da Assembléia Legislativa provocou algum tipo de ‘perdas e danos’”. Albuquerque sofreu derrota em Satuba e Limoeiro de Anadia; este último: principal reduto.

Albuquerque não foi o único, mas é um dos casos que mais chamou a atenção nos bastidores. Em Maceió, o irmão do mais novo conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (Cícero Amélio) e presidente da Câmara de Vereadores de Maceió, Arnaldo Fontan (Democratas), não teve fôlego para a reeleição, nem para chegar à primeira suplência. O vereador também foi indiciado pela Operação Taturana. Dos indiciados, o único que comemorou batendo recordes foi Cícero Almeida (PP), que lavou a alma e “espancou os adversários” com uma sonora preferência do eleitorado digna de manchetes nacionais.

Porém, muita gente que dormiu eleita do sábado para o domingo, chorou muito na tarde de ontem. Erros de percurso, ou então “medo da Polícia Federal, do Tribunal Regional Eleitoral e de outras forças fiscalizadoras”. Um destes que se decepcionou estava com o total apoio do Governo do Estado de Alagoas, mesmo não sendo nem do PSDB, nem do PMDB. O que faltou a ele? Bem, nem em uma boa suplência ficou…

Surpresa mesmo – em Maceió – só na Câmara Municipal. Não se trata de Heloísa Helena (PSOL), que já estava eleita por conta da densidade eleitoral. Ela teve mais votos que Solange Jurema (PSDB), a candidata palaciana.

No entanto, a força de Heloisa Helena foi além de si mesma e deu ao partido uma bancada que promete ter “voz alta” dentro do Legislativo Municipal. A ex-senadora que se diz de “coração valente” levou para a Câmara um fiel escudeiro: Ricardo Barbosa, que já havia disputado o Governo do Estado nas eleições passadas. Barbosa teve pouco mais de 400 votos. Outra surpresa – se grata ou não, o tempo dirá – é Thaíse Guedes (PSC), a segunda eleita na chapa de Solange Jurema, já que a primeira foi Tereza Nelma (PSB). Guedes é uma novata na política alagoana.

Alguns dos eleitos para a Câmara Municipal de Maceió – é bom lembrar – terão ainda o que explicar para a Justiça e em inquéritos da Polícia Federal. É o caso de Luiz Pedro (PMN), que terá que ser diplomado na prisão (se assim for permitido)! Um dos novatos – Nery Almeida (PV) – teve cabos eleitorais presos e se denunciou uma possível estratégia de compra de votos. O vereador do PV – por sinal – teve uma campanha “sonora” com votos em diversos bairros de Maceió. Galba Novaes (PRB) perdeu o trono para Heloísa Helena. O azar maior não foi dele, mas sim de João Mendes que estava em sua coligação e até esperava ser puxado, como aconteceu também com Zé Muniz. Ficaram abraçados na praia!

Agora é esperar que a nova composição seja “mais benéfica” que a antiga, para a capital alagoana. A Câmara de Maceió contará com Heloísa Helena (PSOL), Galba Novaes (PRB), Oscar de Mello (PP), Luiz Pedro (PMN), Rosinha (PTdoB), Fátima Santiago (PP), João Luiz (Democratas), Davi Davino (PP) , Chico Holanda (PP), Tereza Nelma (PSB), Silvania Barbosa (PTdoB), Dudu Hollanda (PMN), Carlos Ronalsa (PP), Nery Almeida (PV), Dino Júnior (PCdoB), Silvio Camelo (PV), Thaíse Guedes (PSC), Pastor Marcelo (PRB), Paulo Corintho (PDT), Amilka (PDT) e Ricardo Barbosa (PSOL).

Almeida sai ganhando com esta composição, pelo menos no quesito governabilidade. Livrou-se de alguns “aliados preocupantes” e ganhou cinco vereadores do mesmo partido, com uma tendência de fechar uma bancada até maior do que a que tinha na legislatura passada.

Só para constar: este blog havia dito que caso eleito, o prefeito Cícero Almeida reduziria o número de secretarias. Esta foi uma das primeiras coisas que ele anunciou ao saber do resultado das eleições. Para não haver briga, o prefeito deve acabar com as pastas ocupadas por técnicos, afinal: hora dos compromissos políticos. Fernando Collor e alguns aliados querem parte “do lote”. Tem aliado querendo Educação e Saúde, pastas vitais no segundo mandato de Almeida. Para os adversários, o prefeito ainda mostrou ser um “grande nome” para 2010.

No Palácio República dos Palmares, a derrota de Solange Jurema no terceiro lugar deve ecoar e fazer repensar as estratégias de promoção do Governo do Estado. Para Judson Cabral (PT), há sim o que comemorar. O homem que sempre foi posto em missões árduas pelo partido, deu resposta, mostrou credibilidade e em uma campanha de poucos recursos conseguiu mostrar expressividade. Eis um recado para o Partido dos Trabalhadores que precisa ser lido por alguém que o entenda…

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