Em recente viagem pela belíssima cidade do Rio de Janeiro, percorri boa parte da sua maravilhosa orla de bicicleta, onde pude conhecer bem mais do que conhecia e numa perspectiva completamente nova. Esse excelente meio de transporte nos permite explorar e interagir muito mais que qualquer outro -até mesmo que nossos próprios pés, já que...
Em recente viagem pela belíssima cidade do Rio de Janeiro, percorri boa parte da sua maravilhosa orla de bicicleta, onde pude conhecer bem mais do que conhecia e numa perspectiva completamente nova. Esse excelente meio de transporte nos permite explorar e interagir muito mais que qualquer outro -até mesmo que nossos próprios pés, já que à pé não conseguimos ir tão longe e em tão pouco tempo.
Como eu não era doido de levar minha própria bike na mala do avião para passear no calçadão carioca, lógico que utilizei o excelente serviço de aluguel de bicicletas disponível em praticamente toda extensão da orla -as bicicletas laranjas do Itaú são confortáveis e robustas e servem perfeitamente para esse objetivo. Destrate , a população abraçou completamente esse prático serviço, que é utilizado não só por turistas, mas também pelos cariocas que tem as bikes como meio de transportes, seja frequente ou habitual.
Porém onde eu desejo chegar, é que este é mais um daquele casos onde a tecnologia, criatividade e empreendedorismo do setor privado, faz com que as pessoas mudem certos paradigmas e, no final, acabem preferindo um modelo que até então resistia em aceitá-lo.
Pois é, aos poucos as bicicletas do carioca vão deixando de ser um bem e vão se tornando um serviço.Comprar uma bicicleta na loja passa a ser uma decisão que envolve outros desejos e objetivos -algo bem mais subjetivo, eu diria. Então boa parte das pessoas preferem gastar um determinado valor por mês e quando precisar, aluga a sua e a larga logo em seguida ao fim da sua corrida. Não tem preocupação com cadeado, manutenção, nem onde guardá-la em casa.
Já venho batendo nessa tecla que, em breve, isso deverá se estender aos carros também -inclusive existem algumas cidades europeias que já adotam esse sistema, ainda que de forma incipiente. Considero que esse será um dos grandes passos da humanidade, quando todos deixarão de ver o carro como um bem, em que envolve, muitas vezes, vaidade, sonho, desejo e realização pessoal.
Porém, é sabido que há muito tempo os carros não são vistos mais como um investimento, tamanha desvalorização dos usados, bem como os altos custos com manutenção e impostos -embora todos precisemos ter o nosso, sobretudo por praticidade e conforto. Mas, se houver corriqueiramente o serviço de alugarmos um automóvel por apenas algumas horas e de forma rápida, prática e não tão onerosa, muita gente vai preferir usar os carros como serviço em vez de ter o seu próprio. Imagine o impacto disso para o bolso e o dia a dia do cidadão: carros menores e mais econômicos, sem custos com impostos, seguros, manutenção e vagas de garagem -aliás, as garagens poderiam tornar-se mais um cômodo “humano” da casa, por assim dizer. Mas, para isso ainda teremos que acertar várias pontas soltas, ajustando esse serviço aos caprichos e vícios do bicho homem.
Para finalizar, volto à minha viagem ao Rio e aos meus passeios de bike laranja, onde cruzava com várias outras iguais, cada uma sendo conduzida por uma pessoa com destinos, roupas, etnias e condições sociais totalmente diferentes, mas com as mesmíssimas bicicletas -sem luxo, nem ostentação. Então cheguei à conclusão que, é mais um caso onde instala-se princípios socialistas, mas não pelas vias e forças do Estado, mas pelas más intenções e ótimos resultados do capitalismo.