Luis Vilar
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Um dos representantes do movimento Bicicletada, em Maceió, fez um contraponto interessante ao protesto “Ninguém Aguenta Mais”, que reuniu diversas autoridades e entidades na orla de Maceió para protestar contra os altos preços dos combustíveis. Claro que preços extorsivos têm que ser combatidos, pois fere o consumidor. Não só da gasolina, mas de qualquer item de primeira necessidade. Ainda mais quando se tratada da gasolina, que é um fator que acaba determinado o preço de várias outras mercadorias, em função dos transportes de cargas por vias terrestres e os – consequentes – fretes!
Daniel Moura – o representante do movimento que citei acima – não é contra nada disso. Apenas acha abusivo o estardalhaço envolvendo autoridades e mídia. Estardalhaço este – coloca Moura (da Bicicletada) – que não se vê, por exemplo, para se investigar as empresas de transporte público municipal, que não se vê quando aumenta a tarifa do ônibus e em outros casos, onde pagamos por itens de primeira necessidade, que não possuem seus aumentos abusivos justificados.
O protesto ganha força – na visão de Moura – porque atinge uma classe privilegiada: a dos motoristas e seus possantes. “Querem baixar o preço da gasolina e assim usarem mais carros, mas não atentam para que um dos grandes problemas do trânsito nas cidades grandes é justamente o automóvel. Esquecem de investir em alternativas, como o transporte público de qualidade, de mostrar a bicicleta como alternativa. O que questiono é que não é visto o mesmo esforço empregado em outras causas, como a tarifa que pagamos nos ônibus, como a cobrança do processo licitatório para o transporte público municipal que ainda espera e não sai do papel”, salienta Daniel Moura, em contraponto ao protesto.
Não se trata – na visão dele – de ser contra, afinal como já destacado o preço é abusivo mesmo. Mas se vê, conforme Moura, uma excessiva mobilização da classe política, que não se vê em outros temas de igual ou maior importância. “É preciso que se tenha o mesmo ânimo para discutir o investimento em outras formas de deslocamento, incentivando melhorias na logística da cidade, do transporte e do trânsito, pensando no ciclista, no pedestre, no usuário do transporte coletivo…”, detalha o representante da bicicletada.
Resolvi ouvir Daniel Moura e dar este espaço a suas reflexões, porque acho que é um contraponto de fato interessante que pode gerar uma discussão sadia, em benefício de todos. Estamos – afinal de contas – criando cidades para os automóveis; as vias públicas não são mais das pessoas, mas sim das máquinas. E – quanto mais a cidade cresce – mais o conceito de melhoria de trânsito é abrir novas vias, criar veias no emaranhado da selva de pedra para o deslocamento rápido dos possantes, esquecendo discussões paralelas que já avançam em outros países, mas adormecem por aqui.
Opções como o VLT – caso se torne um dia, quem sabe, uma realidade! – dentre outras, incluindo a própria bicicleta, são válidas. O nosso Plano Diretor, por exemplo, parece ter esquecido do passeio público para os pedestres. É interessante quando uma discussão puxa a outra, pois o tema da gasolina é sim relevante e – minha opinião – deve sim ser reconhecido o esforço de determinadas autoridades para esclarecer o porque de pagarmos tão caro pelo combustível. Porém, há outros temas que podem ser puxados pelo novelo da temática; e que se tivermos coragem para refletir, teremos em mãos uma boa oportunidade. O movimento da bicicletada está na internet para quem queira conhecer mais: www.bicicletada.org