Luis Vilar
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O deputado Marcos Ferreira (PMN) defende uma legislação específica para vigiar o conteúdo escrito e divulgado pelos blogueiros pela internet a fora. Respeito à opinião do deputado estadual, porém acho que seria gastar papel e tempo para explanar sobre o direito de informação do cidadão e as penalidades cabíveis nos casos de calúnia e difamação, que já existem na lei. Jornalismo na interntet ainda assim é jornalismo, não deixa de ser! Logo, aquele que avacalha, mente, distorce, ou age para difamar, caluniar, apedrejar, dentre outros adjetivos está sujeito as sanções cabíveis, tanto que já existem sites respondendo a processos semelhantes àqueles direcionados a conteúdos televisivos, radiofônico e jornais impressos.
A meu ver – permita-me deputado Marcos Ferreira, pois já que respeito sua opinião, encarecidamente peço que respeite a minha – o que o parlamentar, que encontra apoio das colocações do também deputado João Beltrão (PMN), deseja é a prática do jornalismo insosso e sob rédeas curtas, disfarçado com a máscara do “mito da parcialidade”. O blog, que tem surgido como mais uma ferramenta do jornalismo pós-moderno, é vanguarda apenas em Alagoas. Em outros locais já é uma realidade que enaltece uma faceta do jornalismo a muito esquecida na Terra dos Marechais: o conteúdo opinativo.
Temos qualidade sim deputado Marcos Ferreira! Não falo por mim que sou um iniciante, mas sim pelos diversos comentários em alguns espaços opinativos que em seguida se concretizam na prática. Faço coro com qualquer um que defenda o bom jornalismo, pautado pela ética e pelos princípios. Mas, fico estarrecido com quem – por estar sendo alvo de denúncias, que não são feitas pela imprensa, mas por instituições sérias como a Polícia Federal – deseja moldar a imprensa e criar leis – ou até mesmo uma mordaça – que passarão pelo crivo das Assembléias Legislativas do país.
Caro Marcos Ferreira, imagine que o parlamento alagoano – no estado de suspeição em que se encontra – fosse bancar o poder paladino e – como se estivesse na sala de Justiça dos super-amigos – resolvesse regulamentar a imprensa. Como jornalista (permita-me opinar se é que ainda posso, pois não sei se estou na classe dos “profissionais da imprensa psicopatas” alardeada por Antônio Albuquerque (sem partido)) vejo como um desastre. Pois, teoricamente, os supostos componentes de uma quadrilha, que teria desviado R$ 280 milhões dos cofres públicos, não me parecem os mais adequados para decidir o que pode ser o bem e o mal, a boa e má informação, o certo e o errado, e por aí vai…
Neste espaço, que mantenho graças ao sucesso do Alagoas 24 Horas e de sua equipe, sempre procurei me pautar pela ética, exercendo um papel de colunista político e emissor de opinião. O que não pode deputado é voltarmos à imprensa alagoana que tínhamos antes, onde os fatos eram decididos em alguns gabinetes. Onde alguns cruzeiros valiam uma página de jornal. Os sites impuseram maior liberdade de imprensa com seu imediatismo. Os sites – é bem verdade – contêm erros pelo mesmo imediatismo, ora de grafia, ora de concordância, ora de conteúdo.
Este blogueiro que vos fala, deputado Marcos Ferreira, também já errou. Também soube pedir perdão. Em meus textos, sempre tentei fugir do pré-julgamento. Defendo o afastamento de todos os deputados indiciados pela Operação Taturana. Todos! Não é pré-julgamento, mas sim isenção nas investigações e nas ações de uma Mesa Diretora suspeita. Depois de lavada a roupa suja, quem tiver de pagar que pague. Quem não, que volte para casa com sua roupa lavada. Há quem diga deputado Marcos Ferreira – e não é a imprensa que afirma isto – que poucos podem gozar da inocência diante do caminhão de provas que se encontra na Polícia Federal.
A liberdade de imprensa é capaz de gerar erros, mas fico com um amigo político e deputado estadual – colega de vocês – que me disse uma vez: “Melhor assim, do que sob a mordaça”. Até porque estamos sob uma Constituição Federal, que está ai para julgar e condenar os que abusarem deste direito para caluniar, mentir, ou agir por meio de outras práticas semelhantes. Como por exemplo, o tráfico de influência com base na informação jornalística: o pior dos crimes cometidos por repórteres, mas que tem lotado o plenário alagoano durante vários anos. A troca de mimos por notas em colunas; eis um absurdo, mas acontece sob as barbas dos deputados estaduais.
Nunca vi nenhum parlamentar pedir socorro, ou pedir para regular isto! Por que será? Por qual razão? Respeito seu pronunciamento Marcos Ferreira. E creia: não me sinto, como nenhum dos amigos blogueiros deve se sentir, atingido. Pois, fazemos parte de um time – acredito eu, por reconhecer o talento de meus companheiros – que não se vendeu às graças e as benesses do banquete do poder, do cafezinho ao lado dos que decidem os destinos de Alagoas, ou até mesmo da extinta folha 108, dentre outras folhas.
Nossos blogs funcionam quase como o “sol” da Alegoria da Caverna de Platão. Não que aqui sempre esteja escrita à verdade absoluta, mas sim por expor um contraponto a um Poder plutocrático, fisiológico, venoso e com pouca renovação. Caro deputado estadual, este espaço – onde escrevo – está inclusive aberto aos próprios deputados estaduais, já que é um espaço aberto – por meio dos comentários – à troca de informações, ao debate sem agressões, sem afrontamento pessoais, mas sim pela construção de um forma de vida sob a qual ainda engatinhamos: a democracia.
Concordo que o jornalismo não pode mentir, nem difamar. Mas, temo, Marcos Ferreira, que possíveis leis impostas pelo parlamento alagoano nos leve a algo bem pior, que é a omissão, que é a pusilanimidade jornalística, ainda praticada por algumas “bocas” e “mãos” de aluguel. Reitero aqui, meu compromisso com a informação correta, pressuposto para este blog existir. Entenda também deputado, que este texto não é uma agressão, uma afronta, ou uma ironia, mas sim uma tentativa de enriquecer o debate de forma sóbria, seja sobre os sites, seja sobre o blog, ou sobre o comportamento da imprensa de uma forma geral.
Espero inclusive publicar neste mesmo espaço um texto de Vossa Excelência, expondo os argumentos e de que forma deseja regulamentar os blogs. Pois, tive acesso apenas ao curto texto da assessoria da Casa Tavares Bastos e pelo que li, confesso nobre deputado, tomei um susto!