Sou da época que ser famoso era uma consequência, em contraste com hoje em dia onde a fama é um fim nela mesma. Pessoas tornam-se famosas por vários nadas —não possuem talento algum, nem fazem nada de excepcional —muitas vezes o que tem é apenas muito tempo livre para alavancar diariamente suas vidas banais e...
Sou da época que ser famoso era uma consequência, em contraste com hoje em dia onde a fama é um fim nela mesma.
Pessoas tornam-se famosas por vários nadas —não possuem talento algum, nem fazem nada de excepcional —muitas vezes o que tem é apenas muito tempo livre para alavancar diariamente suas vidas banais e vazia de compromissos.
Um dia desses numa breve olhada na TV aberta, percebo que não conheço 80% das pessoas famosas de hoje em dia, nem faço a menor ideia de quem são. Há na vitrine popular uma coleção de atores, cantores, comediantes, apresentadores, modelos, esportistas, gurus, chefs de cozinha, personal trainers, ex-BBBs, YouTubers, personal stylist e mais uma gama de famosos que são famosos e ninguém sabe exatamente o que são —seu currículo é apresentado como “fulano de 500 mil seguidores”.
Então percebo que cada vez menos sinto-me parte desse mundo que está aí, com suas pseudocelebridades e culto à bobagem veloz e descartável. Não digo isso com pesar algum, faço apenas uma constatação impessoal, dando voz àqueles que sentem e percebem o mesmo.
Belchior dizia na belíssima música Como Nossos Pais que “nossos ídolos ainda são os mesmos e as aparências não enganam não”. Diante do que vemos hoje, felizmente o magistral cantor e compositor cearense não está mais vivo para ver que nossos ídolos não são mais os mesmos e as aparências enganam sim.