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Uma greve pode ser resolvida com uma bomba, jogada pelo Bope; um juiz pode decretar a ilegalidade dela, nas paredes quase sempre herméticas e assépticas do Judiciário. A diferença, nos dois casos, é o uso da força. A lei também pode conter a força do mais forte. E os argumentos não interessam.
O desembargador do Tribunal de Justiça, Tutmés Airan, optou em sair do seu gabinete, lustrar o sapato com a poeira do Sertão e viajar a Delmiro Gouveia: lá, não existe entendimento entre professores e o prefeito Lula Cabeleira (PTB). Uma greve de um mês, decretada ilegal pelo Judiciário de Delmiro, devorou os salários dos professores. Uns receberam R$ 20; outros R$ 30, resultado dos cortes nos vencimentos. Essa é a lei da força, sem argumentos.
Mas, na quarta-feira, Airan vai pessoalmente a Delmiro negociar um acordo entre os dois lados. Não vai decretar a ilegalidade da paralisação dos professores (o processo chegou às mãos dele). O integrante do TJ vai colocar, na mesma mesa, Cabeleira e professores.
Um acordo salarial prévio foi fechado na semana passada, pelo desembargador, no gabinete dele mesmo, na sede do TJ. Sentados: representantes do prefeito e professores.
Tutmés Airan quer sair de Delmiro com uma resposta. Não vai rabiscar no papel se a greve é ou não legal. Deixará a paz, de um conflito, na terra de Cabeleira.
"Acompanho que os professores da rede estadual querem entrar em greve. Liguei para o secretário de Gestão Pública [Guilherme Souza] e me propus ajudar a resolver o conflito. Estou às ordens", disse Airan.
O desembargador, antes advogado e ex-gerentão do sistema prisional em 2000 no meio de uma das suas piores crises, ensina que a Justiça pode encerrar uma guerra evitando outra, a última fora dos muros nobiliárquicos do Judiciário. Quando os lados não se entendem? Hora dos lados deixarem seus títulos nas gavetas e conversar.

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