Luis Vilar
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Mesmo tendo sido escolhido pelo próprio presidente do Poder Legislativo, Antônio Albuquerque (Democratas), o já ex-procurador da Casa Tavares de Bastos, Luiz Gonzaga Mendes de Barros se tornou uma pedra no sapato, por conta de ter revelado algumas irregularidades que deveriam ser mantidas sob sigilo e ainda por ter feito uma sugestão até então plausível: o afastamento dos deputados que estão na Mesa Diretora e são indiciados pelo inquérito da Polícia Federal, desencadeado pela Operação Taturana.
Dos dez parlamentares acusados de participar do esquema escuso que resultou no desvio de R$ 200 milhões dos cofres do Legislativo, por meio de fraudes na Receita Federal, seis fazem parte da Mesa Diretora: o presidente Antônio Albuquerque (Democratas), Cícero Amélio (PMN), Nelito Gomes de Barros (PMN), Edival Gaia Filho (PSDB), Maurício Tavares (PTB), sem conta ainda que Dudu Albuquerque (PSB) – também indiciado – faz parte da suplência.
Os outros quatro acusados: Antônio Holanda Júnior (PTdoB), Isnaldo Bulhões (PMN), Cícero Ferro (PMN) e Arthur Lira (PMN).
O que simbolicamente representa a demissão de Mendes de Barros? Caso o procurador esteja com a razão em suas declarações, a demissão soa como a prova viva de que há irregularidades no Legislativo e que o parlamento teme se olhar no espelho, ou que alguém – de dentro da alcatéia – revele a face dos “lobos”. As colocações do ex-procurador eram bastante coerentes. O afastamento da Mesa Diretora não é um pré-julgamento, mas uma condição elementar de isenção para que transcorra a auditoria nas contas do Poder Legislativo.
O deputado Antônio Albuquerque já fez questão de frisar que “as contas estão abertas”. Então, é hora de explicar a folha 108, ao invés de deixar a discussão falecer, ou ficar inócua diante da demissão de Mendes de Barros, ainda mais feita por telefone. Como é que se demite por telefone, o homem que chegou com a fama de quem iria tornar ainda mais transparente o já tão – segundo Albuquerque – “TRANSPARENTE” Poder Legislativo?
Soa estranho. Soa muito estranho, como muita coisa tem soado estranha desde que foi desencadeada a Operação Taturana. Nos bastidores se fala em interlocuções entre os suspeitos e o Judiciário. Algumas gravações reveladas já supuseram isto. Se é transparência o que a Assembléia Legislativa tenta mostrar, ações como as tomadas com Mendes de Barros mostram justamente o contrário…
É uma pena, pois quando se fala do Legislativo, tem se colocado os 27 deputados “no mesmo saco”.
Creio eu que também fique desconfortável a situação de quem assume, pois se presume que para estar no cargo, tem que se concordar sempre com Antônio Albuquerque…
E assim, se procura um procurador que nada procure e que só ache o que deve!