“Felinto Pedro Salgado, Guilherme Fenelon cadê seus blocos famosos…” A poucos dias do bloco pré-carnavalesco Pinto da Madrugada e também do carnaval, me pego cantarolando a bucólica e saudosa marcha pernambucana Evocação Número 1 de Nelson Ferreira e sinto um pouco da mesma leve agonia que ela me provoca -uma sensação nostálgica que me...
“Felinto Pedro Salgado, Guilherme Fenelon cadê seus blocos famosos…”
A poucos dias do bloco pré-carnavalesco Pinto da Madrugada e também do carnaval, me pego cantarolando a bucólica e saudosa marcha pernambucana Evocação Número 1 de Nelson Ferreira e sinto um pouco da mesma leve agonia que ela me provoca -uma sensação nostálgica que me causa uma leve dispneia -ou uma tal “gastura”, como costumamos dizer. Sim, estou falando da sensação que algumas músicas são capazes de provocar como se fosse uma incômoda e gostosa saudade do que de fato eu não vivi.
Não sou pernambucano, nem tenho idade para tanto, mas sinto mesmo assim uma nostálgica lembrança dessa marchinha como se eu tivesse vivido na década de 50 em Recife quando ela foi composta. Sinto fisicamente essa sensação emocional num colorido “deja vu “ como se a singela música fosse um gatilho capaz de acionar ou despertar memórias que não possuo -ou será que sim?
Bem, poderia passar um tempão discutindo filosoficamente e cientificamente os porquês dessa sensação, mas temo que perderia muito tempo e não chegaria a conclusão alguma. Alguns acreditam que estas sejam músicas que estão em meu subconsciente e que afloram quando ouvidas, provocando esse Deja vu musical. Outros afirmam categoricamente que são lembranças de vidas passadas onde vivi e curti efetivamente essas musicas saudosas. Já outros dizem que nossos genes carregam além do DNA dos nossos antepassados, também suas memórias latentes, lá por trás das cadeias de proteínas. O fato é que, embora eu jamais vá ter a resposta exata para essa dúvida, o que elas provocam são sensações emocionais e físicas reais, mesmo sem eu ter a menor ideia da razão.
No próximo sábado, certamente ouvirei outras músicas carnavalescas que tem o mesmo poder, como Máscara Negra e Último Regresso e que também fazem parte da mesma lista de “músicas-gatilhos” ou como queiram chamá-las. O importante é deixar sentir e permitir o resgate emocional que elas nos proporcionam para que nos sintamos conectados com um saudoso passado, sendo ele real ou apenas peripécias de nossa memória.