Luis Vilar
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O advogado de defesa do deputado estadual afastado Cícero Ferro (PMN) – Welton Roberto – acredita que a Operação Ressugere que aponta seu cliente, Antônio Albuquerque (sem partido) e João Beltrão (PMN) como envolvidos em crimes de pistolagem visa desmoralizar a Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas.
Quando li a frase de Welton Roberto, indaguei-me: “Desmoralizar quem? A Assembléia?”. Esta é uma tarefa para a qual o parlamento alagoano não precisa de ajuda. Ele conseguiu cair em descrédito e ser desmoralizado pelos comentários da população alagoana (como pode ser observado ao fim das matérias colocadas neste site) sozinho. Foram anos até chegar aqui, mas o parlamento – por incrível que pareça – conseguiu fazer esta trajetória obscura sozinho! Sem a ajuda de ninguém.
O deputado Marcos Ferreira (PMN) já ensaiou por a culpa nos blogueiros. Já se falou da pirotecnia da Polícia Federal ao prender engravatados, ao mesmo tempo que se aplaude ações truculentas de incursões em favelas. Sinceramente, não vejo diferença.
A Assembléia Legislativa do Estado de Alagoas é alvo dos “tomates” e “comentários furiosos da sociedade” por culpa dos próprios parlamentares. Não adianta criticar as frases irônicas e certeiras do superintendente da Polícia Federal, José Pinto de Luna. Elas traduzem o desejo de parte da população que foi excluída do banquete de cargos comissionados, sobrenomes e conchavos. Da população que de fato sua, trabalha, paga impostos, e – possui sim este pecado – vota de forma errada, por diversos motivos, entre eles, a compra de votos.
Quem desmoralizou o parlamento alagoano? Talvez o espelho do conto de fadas da Branca de Neve. Porém, os vampiros não se enxergam no espelho. Quem desmoralizou o parlamento alagoano? Quem provocou um “efeito dominó” e sem ouvir os anseios da sociedade foram omissos, opacos, arredios, verdadeiros sabonetes?
Assim se portaram quando elegeram – mesmo sem os pré-requisitos necessários – a deputada estadual Cláudia Brandão para o Tribunal de Contas do Estado. Desmoralizaram o parlamento quando não cumpriram a ordem judicial para pagar o 13º salário atrasado dos funcionários, que deveria ser pago em 2006, e como conseqüência foram multados. E, diga-se de passagem, a multa será paga – se for paga – com o duodécimo, mostrando o desapego e a irresponsabilidade com o erário.
O parlamento foi desmoralizado por ele mesmo durante uma CPI – que caiu no esquecimento – já apontava um “Sindicato do Crime” atuante que passava por dentro do Legislativo. O parlamento foi desmoralizado na ligação de Gilberto Gonçalves cobrando dinheiro de corrupção. O parlamento foi desmoralizado quando não ouviu as ruas pedindo que os deputado se afastassem dos cargos por isenção e foi preciso o caso ir à Justiça.
São inúmeros os motivos para se afirmar que é difícil crer em sobriedade na Casa Tavares Bastos, quando a crise só se aprofunda. Volto a repetir, não se trata de julgar ninguém antecipadamente. Porém, ser justo. A Assembléia Legislativa está fragilizada. Sim, ela está! Muitos inescrupulosos vão querer se utilizar deste momento para galgar ao poder? Sim, eles vão se utilizar. Mas, a responsabilidade da desmoralização do Legislativo em Alagoas é do corporativismo, da falta de sensibilidade, da distância abismal entre os deputados e o povo, da arrogância e da prepotência que foram personificadas por ternos pretos e Pajeros.
A desmoralização da Assembléia Legislativa deixa nos homens de bem deste Estado um sentimento de profunda tristeza. Há por ai alguns companheiros de imprensa que rezam pelo “quanto pior, melhor!”. Não é o meu caso. Escrevo com uma dor na alma, pois ainda conservo utopias e o senso de evitar pré-julgamentos. Porém, não se pode aceitar que o “jogo de palavras” subverta responsabilidades. Não é por acaso que a Casa de Tavares Bastos nunca soube o que é uma Comissão de Ética…